Desligamento humanizado e os impactos da empatia em uma empresa

A qualidade de vida que um trabalho pode te dar vai muito além do valor do seu salário e benefícios. Para que uma empresa consiga garantir uma boa qualidade de vida aos seus colaboradores, é preciso que ela invista na experiência deles, e isso inclui o tratamento que eles recebem no dia a dia. E, caso um desses colaboradores tenha que ser desligado por algum motivo, um desligamento humanizado é algo fundamental para evitar possíveis problemas.

Nas últimas décadas, diversos paradigmas foram quebrados em nossa sociedade e no mercado de trabalho não seria diferente. Hoje, a maioria das pessoas considera sua saúde mental e bem-estar mais importantes do que ter um alto cargo com um bom salário. Afinal, de que adianta ter status social e dinheiro se não temos boas experiências no nosso dia a dia?

Com tanto foco na experiência dos colaboradores dentro das empresas, não é de surpreender que investimentos em cultura organizacional, benefícios e outros aspectos internos sejam uma tendência. E independentemente do quão boa foi a experiência, os últimos momentos contam tanto ou mais do que todos os outros. Por isso um desligamento humanizado é tão importante.

Mas o que, exatamente, é um desligamento humanizado? Para responder essa pergunta, conversamos com Dante Mantovani, professor do MBA em Gestão de Pessoas USP/Esalq. Ele explica por que esses últimos momentos de um colaborador na empresa são tão importantes e como lidar com eles. Confira!

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Ninguém gosta de ser demitido

Homem deixa a empresa em que trabalhou por anos após passar por um desligamento humanizado.
O desligamento humanizado é melhor para todas as partes envolvidas.

De acordo com Mantovani, hoje o desligamento humanizado é tão importante porque as empresas estão cada vez mais preocupadas em administrar não só a parte comercial da marca, mas também a marca empregadora. “Se as pessoas se sentirem bem, elas vão falar da empresa para outras pessoas e a própria empresa pode se divulgar no mercado para atrair novas pessoas”, explica.

Por isso, um “bom” desligamento é aquele considera tantos os interesses da organização quanto os da pessoa que está sendo desligada, sendo feito com respeito e empatia. “O desligamento faz parte da experiência do empregado. É a última parte da pizza. Se ele é feito com respeito, de uma forma humanizada, fica mais difícil da pessoa falar mal”, exemplifica o professor.

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Mais do que só despedir

Mantovani conta que, para fazer um desligamento humanizado, é muito importante que seja levado em conta o que acontece antes do desligamento em si. Em casos de demissão por problemas de desempenho, por exemplo, é preciso que a pessoa tenha recebido feedbacks anteriormente e tenha tido a oportunidade para mudar. Dessa forma, ela conseguirá entender o que acontecer e não receberá a decisão como injusta.

Outro ponto levantado pelo professor é a forma como o momento designado para o desligamento é combinado com o profissional a ser demitido. Falas como “Passa no RH para pegar as contas!” e desligamentos marcados com antecedência, sem explicação, criam situações péssimas para as pessoas. Desligamentos feitos na sexta-feira à tarde também não são ideais, já que o profissional e sua família irão perder o final de semana com o choque da notícia.

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Desligamento humanizado

Homem vai embora da empresa em que trabalhava desejando ter passado por um desligamento humanizado.
O desligamento humanizado pode evitar muitos problemas para a empresa no futuro.

Para o professor, um desligamento humanizado deve ser marcado minutos antes do acontecimento para ser feito em um local reservado, em que a pessoa tenha acesso a água, lenços e um telefone. Assim, ela pode reagir à notícia da melhor maneira, sem se sentir constrangida. “Os sentimentos mais comuns são raiva, tristeza e choque”, comenta.

Além disso, é importante que o processo seja feito com o acompanhamento de alguém do RH e que a pessoa entenda bem o pacote de desligamento que receberá. Também é essencial que o gestor esteja preparado para aquele momento e consiga receber o sentimento da pessoa que está sendo desligada.

“Desligamento não é momento de avaliação de desempenho. Há muitos líderes que se sentem culpados, não sabem o que fazer e ficam se explicando muito. Mas esse não é um momento de aprendizado. Muitas vezes a pessoa vai buscar a justiça trabalhista mais por causa do desligamento do que por uma injustiça”, explica o professor.

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Não termina no desligamento

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Segundo Mantovani, é importante que o gestor gaste um tempo após o desligamento para conversar com a equipe da pessoa, contar o que aconteceu (sem dar detalhes) e explicar como ficará a estrutura. “Quem fica na empresa vai pensar que se o desligamento foi feito de forma humanizada com um colega ou o chefe, isso deve acontecer comigo também”, exemplifica.

O professor também conta que muitas empresas têm adotado políticas de apoio para aqueles colaboradores que foram desligados, de modo que eles não se vejam totalmente perdidos de uma hora para outra. “Tenho a esperança de que as áreas de RH aprovem políticas de outplacement, como ajuda para montar um currículo, dicas para entrevistas de emprego, ajuda para se organizar financeiramente etc.”, exclama.

Mantovani resume a importância do desligamento humanizado em três frases: “Quando a pessoa é desligada, a autoestima dela vai lá embaixo. A gente precisa ter, cada vez mais, gestores utilizando a empatia. Se fosse com você, como você gostaria que isso fosse feito para ser de uma forma mais respeitosa?”, finaliza.

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Autor (a)

Caio Roberto
Caio Roberto
Jornalista e amante de história, línguas estrangeiras, cinema, literatura e videogames. Utilizo minha curiosidade natural e minha facilidade de me comunicar para descobrir mais sobre o mundo e tentar passar isso adiante. Acredito que nasci para contar histórias, independente da história, da mídia em que ela será contada e do meu papel nela.

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