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Ranking SBVC mostra crescimento e perspectivas do varejo

As maiores empresas do varejo brasileiro superaram as expectativas e aumentaram sua participação no mercado, mesmo em um ano atípico. É o que aponta os resultados da sexta edição do Ranking SBVC “300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro”, desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.

As 300 maiores do varejo brasileiro fecharam 2019 empregando 1,7 milhão de pessoas e 50 delas aumentaram seu quadro de funcionários em mais de 10%. Dessas 50 empresas, 37 estão no setor de supermercados, sendo o segmento mais intensivo em pessoas e o que mais contrata. Isso continua indicando oportunidades de crescimento das redes do setor, inclusive agora.

Ainda de acordo com a sexta edição do Ranking SBVC, a expansão das maiores empresas do setor no último ano foi de 9,9%, praticamente o dobro da alta de 5% do varejo como um todo.

Apesar de expressar um estudo feito especialmente no período antes da pandemia, o ranking mostra uma série de movimentos importantes do varejo que tiveram destaque com as mudanças mundiais causadas pelo coronavírus. Entre elas estão:

  • o desenvolvimento dos marketplaces;
  • a grande força de varejistas regionais (especialmente em supermercados);
  • e a digitalização dos negócios para permitir um crescimento muito acima da média.

Destaques do ranking

Entre os principais destaques desta edição do ranking, o faturamento das 300 maiores empresas representa R$ 703,239 bilhões em 2019. Considerando as 202 empresas que divulgaram seus faturamentos brutos em 2018 e 2019, o crescimento anual foi de 9,95%, praticamente o dobro da expansão de 5% do faturamento nominal do varejo como um todo (PMC-IBGE).

O setor com maior número de empresas no Ranking SBVC é o de Supermercados, com 137 representantes, dos quais três estão no top 10 do varejo. Já o setor de Moda, Calçados e Artigos Esportivos, com 48 empresas, é o segundo com maior presença na classificação.

O Boticário é a empresa com mais lojas no Brasil, seguida por McDonald’s, AM/PM, Cacau Show e Subway. Em comum, todas atuam no sistema de franquias, com oportunidades para crescer com capital de investidores-empreendedores.

O que acontece em 2020

A crise deste ano afetou o modo como todos previam o futuro e trouxe inseguranças. Os professores do MBA em Varejo Físico e Online USP/Esalq, Francisco Alvarez e Marcos Luppe, indicam que, no setor, ocorreram situações distintas.

“Os segmentos essenciais (alimentos, higiene e limpeza, medicamentos etc.) não tiveram uma situação tão crítica. Apesar da crise social, continuaram a operar normalmente e até experimentaram um fluxo maior de compras, uma vez que os consumidores tiveram que ficar confinados em suas casas”, comentam.

A falta de movimentação forçada favoreceu também os varejistas do comércio eletrônico e os serviços de entregas, completam. Quem viu a crise ficar mais acentuada foram os varejistas físicos de segmentos não essenciais e os shopping centers, que tiveram que se manter fechados sem perspectiva de voltar a operar.

“A situação sob o ponto de vista de experiência de compras e de hábitos de consumo não foi espontânea, muito pelo contrário, foi imposta sobre a vontade dos consumidores. Mas as pessoas voltam ao seu comportamento natural quando libertadas”, explicam os professores.

Segundos eles, essa é uma boa notícia para o varejo físico, que oferece para o consumidor, além das compras, o ato de socializar. E é justamente por este segundo ponto que eles voltarão a visitar lojas presencialmente.

Uma pesquisa junto aos consumidores americanos, publicada em maio de 2020 pela Chain Store Age, identificou que 18% dos consumidores pretendem visitar lojas dos segmentos não essenciais assim que abrirem ou em até 3 dias. Os setores mais procurados serão os de Moda e Vestuário (61%), Beleza (50%) e Artigos e Aparelhos Domésticos (42%).

No entanto, a má notícia é que, no curto prazo, os segmentos não essenciais terão grandes desafios para superar os problemas do tempo que permaneceram fechados, inclusive com a disponibilidade financeira dos consumidores mais limitada.

Profissionais

Dados do Ranking SBVC também mostram mudança no perfil dos profissionais para lidar com desafios do mercado. O desenvolvimento do varejo online e a integração das operações online e offline aumentam a demanda por profissionais com formação mais voltada ao setor de tecnologia.

Ao mesmo tempo, a redução da necessidade de expansão da rede de lojas físicas reduz a demanda por profissionais de vendas. Nos próximos anos, o varejo precisará buscar por pessoas com um perfil mais técnico e em novas especialidades, como Ciências da Computação, Engenharia, Matemática e Estatística, o que trará impactos sobre a estrutura de custos das empresas.

Transformação digital

O ano de 2020 representa um divisor de águas para o varejo brasileiro, aponta o Ranking SBVC. A crise do coronavírus acelerou um movimento de digitalização que ainda não era tratado com grande urgência. Em questão de semanas, a transformação digital do varejo se tornou obrigatória.

Os negócios de varejo foram desafiados a repensar estratégia e modelo de negócios para enfrentar as mudanças trazidas pelo mundo digital. No lugar de esperar o consumidor passar em frente à loja, por exemplo, o varejo físico precisa buscá-lo ativamente nos meios digitais, utilizando os dados para saber de que forma se posicionar e como melhor abordar cada cliente.

Em uma jornada que integra online e offline, a loja física deixa de ser um lugar onde o cliente vai comprar produtos e passa a ser uma central de experiências, um ponto de retirada de compras feitas online, um espaço que funciona como mídia para as marcas e de relacionamento com os clientes.

Os vendedores trocam a espera passiva do cliente entrando na loja pelas atividades em redes sociais e WhatsApp. Consumidores que compraram online pela primeira vez durante a pandemia perderam o medo e mudaram seus hábitos. Por isso, 2020 marca o início de uma nova fase para o varejo brasileiro, tornando-o ainda mais digitalizado.

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Autor (a)

Ana Rízia Caldeira
Ana Rízia Caldeira
Boa ouvinte, aprecio demais os momentos em que posso ver o mundo e conhecer as coisas pelas palavras das outras pessoas. Não por menos, entrei para o jornalismo. E além de trazer conteúdos para o Next, utilizo minhas habilidades de apuração e escuta para flertar com a mini carreira de apresentadora nos stories do MBA USP/Esalq, no quadro Você no Camarim.

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