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O que o slow movement pode fazer pela produtividade?

Ter uma rotina conturbada, com excesso de trabalho, obrigações e tarefas não é uma realidade exclusiva. Acreditamos que quanto mais coisas pudermos fazer, mais resultados aparecerão. Isso, somado a um estilo de vida acelerado, com horários sem qualquer organização, somente geram desequilíbrio emocional. É contra isso que o slow movement luta.

Ele é uma proposta de questionamento sobre a maneira de uso de um bem escasso e ligado a tudo que fazemos – o tempo. Diferente do que se pensa, não se trata de recusar as tecnologias, as conquistas do bem-estar ou aspectos positivos da globalização, mas de sim torná-los mais sustentáveis.

Outro ponto é que, apesar do nome, o movimento não faz uma apologia à lentidão, mas provoca uma reflexão sobre olhar para o tempo de outra forma, sem colocá-lo como o condutor de tudo.

A temporização do nosso ritmo sempre ocorreu ao longo da história. Entretanto, nas últimas décadas, o tempo se tornou sinônimo de medida para tudo, inclusive espaço. O culto pela rapidez também se fez algo recorrente na rotina.

Tudo começa na comida

Através de uma procura pelo tempo justo, o primeiro “braço” do slow movement nasceu na Itália como protesto aos valores associados ao fast food (comida feita e servida de forma rápida, sem qualidade nutricional). O slow expandiu-se em vários países e para outras áreas de ação, como saúde, educação, turismo, relacionamentos, moda, lazer e urbanismo.

Apesar de vastos, todos os temas alertam para a necessidade de abrandamento do mundo moderno, tendo por base a ideia de que é possível vivermos num ritmo mais sustentável.

Aqueles que possuem um estilo de vida cansativo, não precisam tomar atitudes radicais. O ideal é encontrar um objetivo próprio, pois o slow movement não é parar ou estagnar, é procurar equilíbrio.

O trabalho virou corrida

Já não vivemos na época da velocidade, mas do instantâneo. A cultura contemporânea valoriza velocidade e a competição. Isso, entretanto, vem desde a Revolução Industrial, quando o trabalho passou a ser celebrado como o grande motor de transformação do mundo.

Não por menos, as pessoas lutam para ser indispensáveis em seus trabalhos, assumindo grande quantidade de atividades. Produtividade se tornou, por fim, associada a trabalhar muito, de forma rápida e pouco racional. Já o sucesso é visto no ato de acumular e a satisfação é facilmente confundida com o consumo de bens.

No slow movement defende-se a ideia de que menos horas de trabalho contribuem para a maior valorização dos bens não materiais. Se nos lembrarmos que a corrida pela aquisição e reposição de bens é uma das principais razões pelas quais mais se trabalha na atualidade, ele faz sentido.

Trabalhar menos é apenas um dos elementos defendidos pelo movimento, mas se relaciona diretamente com o controle do tempo. Por legislação, o brasileiro trabalha oito horas por dia, mas há países em que empresas adotam jornadas de apenas cinco.

Produtividade e saúde mental

A justificativa para a diminuição das horas trabalhadas está em função da produtividade. Outro benefício seria a diminuição de doenças comuns, como estresse, ansiedade e depressão.

Essas doenças, inclusive, estão ligadas à pressão e obsessão por uma vida produtiva, em que se trabalha de forma quase incessante. Em meio a uma crise trabalhista, a alta taxa de desemprego torna empresas e funcionários em atividade altamente competitivos. É muito comum, inclusive, que eles estejam com a cabeça no escritório em dias de descanso.

Dessa forma, a folga se tornou um instante pouco apreciado. Aqueles que por norma sofrem de ansiedade dificilmente aceitam esse momento. Estar parado ou, pior, desempregado, pode fazer um indivíduo se sentir inexistente, uma vez que só temos a sensação de “ser” quando temos o que “fazer” e “adquirir”.

Estar conectado e comprometido com o trabalho não é, nem de longe, algo ruim. Mas vale lembrar que uma vida produtiva também deve ter momentos improdutivos. Novamente, não significa estar inerte, mas saber o que fazer no ócio.

Quando “ativar” o slow movement

O trabalho claramente nos identifica. “Somos o que fazemos”. É por isso que muitos temem o desemprego, pois estar ativo é uma questão de dinheiro e de sobrevivência. Apesar disso, ser produtivo no trabalho não pode significar estresse e pressão.

Embora a modernidade seja regida por um tempo único de produção, ditado pela tecnologia e rapidez, existem formas de frear e repensar o tempo. Se você vai investir no slow movement, alguns primeiros passos podem ajudar:

  • Gerencie seu tempo: use métodos e ferramentas online que otimizam a gestão do tempo. Anote seus compromissos pessoais e de trabalho e, mais importante, nunca desvalorize sua folga. Respeite o que for incluído como prioridade e siga para outras tarefas somente quando finalizar o primordial;
  • Saiba descansar: respeite seus limites e busque maneiras de aprender a relaxar. Além disso, trabalhe a mente para que ela descanse junto com o corpo. Deixe o trabalho no trabalho e viva o lazer da melhor forma;
  • Responsabilize-se pela sua vida: não terceirize a responsabilidade pelos seus momentos de alegria e de tristeza. Pare, pense e desacelere. Esse é o ponto principal. Logo, ache o equilíbrio para que seus objetivos e vida pessoal andem juntos, mas sem se “atropelarem”.

Como anda sua relação com o tempo? Conte para nós nos comentários 😉

Autor (a)

Ana Rízia Caldeira
Ana Rízia Caldeira
Boa ouvinte, aprecio demais os momentos em que posso ver o mundo e conhecer as coisas pelas palavras das outras pessoas. Não por menos, entrei para o jornalismo. E além de trazer conteúdos para o Next, utilizo minhas habilidades de apuração e escuta para flertar com a mini carreira de apresentadora nos stories do MBA USP/Esalq, no quadro Você no Camarim.

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