Em 2022, algo que há poucos anos era considerado impossível já se tornou realidade: as entregas rápidas. Hoje, com apenas alguns cliques em nossos smartphones ou outro aparelho conectado à internet, podemos receber uma infinidade de produtos dos mais diversos tipos diretamente em nossa casa, em questão de horas.
A ideia das entregas rápidas existe, pelo menos, desde o século XX, com os diversos filmes e produtos da cultura pop mostrando-as como realidade em um futuro não muito distante. Com o surgimento do e-commerce, consequência direta da popularização da internet, o que era apenas ficção-científica passou a se tornar algo mais palpável.
Mesmo assim, foi preciso que empresas do setor de tecnologia investissem bilhões de dólares durante anos para que tudo fosse possível. Mais do que os investimentos em tecnologia, também foram necessárias mudanças drásticas nos setores de armazenagem e logística para que esse sistema funcionasse.
Para entender quais são essas mudanças e seus impactos no nosso dia a dia, conversamos com Luiz Paulo Fávero, professor e coordenador do MBA em Varejo Físico e Online USP/Esalq, que explica o surgimento do e-commerce e apresenta a realidade brasileira nos tempos de entregas rápidas. Confira!
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O e-commerce e a competitividade
De acordo com o professor, para falar sobre entregas rápidas, é preciso notar que o e-commerce é um concorrente direto do varejo físico. Além disso, é importante entender que o setor só conseguiu crescer e virar o que é hoje após um longo processo de normalização, que envolveu o convencimento dos consumidores e a otimização dos processos de compra, venda e entrega.
Nos primórdios do e-commerce, o setor se utilizava dos preços mais baixos, possíveis devido à menor necessidade de pessoal e investimento em lojas, para atrair consumidores. Porém, apesar dos preços mais baixos e da facilidade em comprar de casa, o setor tinha um obstáculo principal a ser superado: o longo tempo de espera até a entrega se comparado à rapidez de ir até a loja e já ter o produto em mãos.
Assim, o setor começou a investir cada vez mais na velocidade das entregas com o objetivo de “ficar mais perto do cliente para suprir essa necessidade do produto na hora que ele precisa”, comenta o professor. Por isso, podemos entender que o surgimento das entregas rápidas é uma consequência direta da competição entre o e-commerce e as lojas físicas.
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Facilidade para o cliente
Fávero também explica que, apesar de ser uma inovação sem precedentes e, por isso, o tópico mais comentado, a ideia das entregas rápidas não foi o único desenvolvimento que as empresas fizeram nos últimos anos. Afinal, o objetivo das entregas rápidas é, mais do que a velocidade em si, suprir as necessidades dos clientes.
Assim, ele comenta que, pensando na comodidade dos clientes, um outro grande desenvolvimento do e-commerce é o agendamento de entregas. “Hoje, temos um menu com diversas opções para o cliente. Assim, eu começo a ter não só a entrega rápida, mas também a melhor entrega para a necessidade do cliente”, explica ele.
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A pandemia e as entregas
As medidas de distanciamento social adotadas mundialmente devido à pandemia de Covid-19 causaram inúmeras mudanças na economia mundial. Uma dessas mudanças foi o crescimento exponencial do e-commerce durante esse período, consequência de “uma migração do offline para o online”. Por isso, muitas pessoas creditam a pandemia pela inserção desse setor como um fator importante na economia global.
Entretanto, o professor explica que, embora a pandemia tenha causado efeitos diretos no setor, esses efeitos apenas aceleraram um processo que já vinha acontecendo anteriormente. “A pandemia só deixou as pessoas mais ansiosas e levou para o e-commerce categorias que não eram tão relevantes antes, como compras de mercado e remédios”, justifica.
Mesmo assim, ele relata que o aumento da infraestrutura de armazenagem e logística durante o período foi enorme, principalmente no Brasil. “A estruturação logística brasileira sempre foi deficiente, então agora ela apenas se regularizou, embora em alguns locais mais distantes ainda haja falta de armazéns”, comenta.
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O e-commerce pós-pandemia
Segundo Fávero, além do aumento da infraestrutura e a inserção de novas categorias no e-commerce, a pandemia de Covid-19 também causou efeitos temporários no setor e alguns deles ainda podem ser sentidos hoje. Um desses efeitos é a hiperestocagem de produtos em determinadas categorias.
Ele explica que, além do aumento na demanda por entregas rápidas, as medidas de distanciamento social também causaram interrupções em cadeias de suprimento por todo o mundo e, consequentemente, falta de matéria-prima para indústrias. Assim, o medo de possíveis novas interrupções fez com que diversas empresas fizessem uma hiperestocagem de matéria-prima e, na falta de consumidores, produtos.
O professor também comenta que, embora as compras online tenham sofrido um baque com o relaxamento das medidas de distanciamento social e a recuperação da atividade comercial física, o processo pelo qual passamos nos últimos anos é irreversível. “Após a pandemia, houve uma retração do e-commerce, mas ele veio para ficar”, esclarece.
Fávero finaliza comentando que o futuro do e-commerce, no médio e longo prazo, será marcado por uma consolidação das empresas de logística. Além disso, grandes empresas do setor devem crescer ainda mais com uma concentração do volume de vendas em marketplaces.
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