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Organizações líquidas: a hora de desenvolver uma cultura de mudanças é agora

Esta não é uma matéria sobre Business Agility, mas esse conceito será nosso ponto de partida para falarmos sobre organizações líquidas e cultura de mudanças. Para você não ter nenhuma dúvida de que preparamos um conteúdo completo e imperdível sobre esse assunto, o entrevistado de hoje é o professor Gino Terentim, dos MBAs USP/Esalq.

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Como você já sabe, vamos começar com o conceito de Business Agility. “A agilidade de negócios é a capacidade que uma organização tem de se adaptar rapidamente a um mundo cada vez mais líquido, como dizia Bauman”, conceitua.

Líquido como?

A referência feita por Terentim é ao sociólogo Zygmunt Bauman, que, em sua obra, fala sobre a liquidez de um mundo que não congela mais. “E isso lembra muito a visão do psicólogo alemão Kurt Lewin, uma das grandes referências em teorias de sistemas sociais e a relação entre pessoas comportamentais. Ele é um dos pais do Behaviorismo e foi uma das primeiras pessoas, senão a primeira, a trabalhar a gestão de mudanças do ponto de vista do comportamento das pessoas”, continua o professor.

“Para trabalhar a mudança, ele falava de descongelar para recongelar. Então, temos o estado atual, que está congelado. Para alterar esse estado atual, precisamos descongelar e recongelar no novo estado.”

Antes das organizações líquidas

E assim acontece com as organizações, quando elas já têm seus processos, sua forma de trabalhar, mas precisam criar uma nova maneira de acompanhar as mudanças do mercado.

“Uma organização precisa mudar porque o mercado muda. E essa mudança também envolve descongelar os processos que temos hoje, criar os novos e recongelá-los no futuro”, explica Terentim antes de mencionar as organizações líquidas.

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E por falar em mudança…

O professor assistiu, recentemente, à uma palestra no Fórum Econômico Mundial que mencionou três grandes fatores que contribuem para as mudanças nas organizações.

  • Lei de Moore: criada em meados do século XX, por Gordon Moore, da Intel, diz que a tecnologia dobra sua capacidade em 18 meses. Esse fato possibilita um crescimento em uma escala exponencial, que dobra a cada período. “O crescimento exponencial da tecnologia representado na Lei de Moore é um dos fatores de mudança do mercado. O mercado muda muito porque a tecnologia traz novas capacidades numa escala exponencial.”
  • Sociedade e mercado organizados e conectados em rede: “a velocidade do tráfego da informação, do acesso à informação e do alcance da informação em rede é totalmente diferente da forma linear que a própria informação e a comunicação eram trabalhadas antigamente.”
  • Aquecimento global: “assistimos a mudanças de comportamento das pessoas por conta desse fator, mas a verdade é que muito ainda vai precisar mudar no comportamento das pessoas e organizações em curtíssimo prazo.”

Esses três fatores geram uma dinâmica de mercado que faz com que as mudanças aconteçam muito rapidamente.

Agora sim: as organizações líquidas

E é no encontro das mudanças com a velocidade que as organizações líquidas aparecem. “Elas não têm mais tempo de congelar e isso faz com que esse mundo líquido, trazido por Bauman, também se reflita nas organizações”, explica Terentim.

Então, as organizações líquidas são aquelas que não têm tempo de mudar, não têm tempo de se congelar e, assim, estão mudando o tempo todo. “Por isso, é importante trocar a mudança de cultura por uma cultura de mudanças e, voltando ao Business Agility, é preciso construir uma organização que seja resiliente e, ao mesmo tempo, robusta, para que ela possa, simultaneamente, manter seus processos funcionando e mudá-los rapidamente, à medida em que as dinâmicas de mercado exijam essa mudança”, detalha.

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Métodos ágeis

Uma forma de manter esse movimento é com o uso de métodos ágeis nas organizações líquidas, que são ferramentas que podem ajudar a viabilizar a agilidade de negócios.

“E isso é para qualquer negócio, digital ou não, que queria prosperar em um mundo líquido. Os métodos ágeis ajudam a trabalhar de forma empírica a aquisição de conhecimento para tomada de decisão, uma vez que uma das premissas da agilidade é o empirismo, já que a forma determinística de trabalhar os problemas do passado partia de uma premissa que conhecíamos a resposta quando o problema aparecia.”

Terentim continua sobre as organizações líquidas: “Em um mundo tão líquido, que muda tão rapidamente, que novos problemas e novas perguntas são criadas o tempo todo, as respostas também têm que mudar.”

Agilidade no Digital Business

Quando pensamos em negócios digitais, Terentim comenta que várias metodologias podem ser aplicadas, dependendo do contexto do problema a ser resolvido. “Dentro do Digital Business, podemos fazer uso de metodologias que requeiram abordagens mais preditivas e fazer uso de metodologias de abordagens mais adaptativas ou ágeis”, enfatiza.

“A estrutura, framework, ágil mais conhecida é o Scrum, mas existem várias outras que podemos trabalhar. Por exemplo: para negócios digitais mais relacionados à área de tecnologia da informação, softwares, tem o Extreme Programming (XP – programação extrema, em português), Feature Driven Development (FDD – desenvolvimento dirigido por funcionalidades, em português), Test Driven development (TDD – desenvolvimento guiado por testes, em português), que são métodos muito utilizados na indústria de software. O DevOps também é um outro conceito de trabalho muito aplicado a empresas que tenham operação e desenvolvimento trabalhando próximas ou que precisam integrar o desenvolvimento da operação, principalmente indústria de software”, exemplifica o professor.

Para Terentim, é difícil separar o que tem e o que não tem software hoje em dia. “Assim, os mesmos métodos citados acima são aplicados em outras empresas e indústrias também, que têm software embarcado no seu negócio. Como a própria educação, por exemplo.”

Você já tinha ouvido falar nas organizações líquidas? E na aplicação da cultura de mudança? Vamos conversar mais sobre isso nas aulas do MBA em Digital Business USP/Esalq! Inscreva-se!

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Autor (a)

Marina Petrocelli
Marina Petrocelli
Mais de 12 anos se passaram desde minha primeira experiência com Comunicação Social. Meus primeiros anos profissionais foram dedicados às rotinas de redações com pouca ou nenhuma relevância digital. O jornalismo plural se resumia em apurar os fatos, redigir a matéria e garantir uma foto expressiva. O primeiro sinal de mudança veio com a proposta para mudar de realidade e experimentar um formato diferente de produzir. Daí pra frente, as particularidades do universo do marketing se tornaram permanentes. Ah! Também me formei em Direito (com inscrição na OAB e tudo). Mas nem tudo se resume às minhas habilidades profissionais. Como produtora de conteúdo, me interesso por boas histórias, de pessoas reais ou em séries, filmes e livros, especialmente distopias. Gosto de montar roteiros de viagens e reconhecer estrelas e constelações em um aplicativo no celular. Museus, música e arte no geral chamam minha atenção, assim como cultura pop.

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