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Agricultura e Meio Ambiente: ninguém solta a mão de ninguém

A possibilidade de fusão entre os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente causou repercussão nos noticiários e redes sociais, com manifestações, em maioria, contrárias à união das áreas. Uma reação mais do que esperada ou você acreditava mesmo que os “produtores rurais desmatadores capitalistas” iam se unir numa boa com a “turma do abraça árvore que acha que dá pra alimentar o mundo com horta de fundo de quintal e cocô de vaca”? Por mais que pareçam absurdas, as rotulações ridículas e ideológicas são mais do que comuns, por ambos os lados, quando a temática é produção agrícola e preservação ambiental. E é justamente este o ponto evidenciado pela possibilidade de fusão, “lados”. Simplesmente não deve haver lados. Agricultura e Meio Ambiente não são rivais, são aliados. Como mencionou Xico Graziano, “sai o produzir x preservar, entra o produzir + preservar. Somar, não dividir”. Produção e preservação estão integrados, é a base da sustentabilidade. É atender as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas necessidades e aspirações, conforme definição do termo. A oportunidade de fusão abriu espaço para redução da rivalidade e sobreposição da técnica à ideologia. Juntos, são mais fortes. É aplicar o “ninguém solta a mão de ninguém” à produção de alimentos. Uma mão a produção, outra a preservação. Hoje, elas já estão dadas e basta olhar as estatísticas setoriais de produção de alimentos e conservação ambiental para confirmar. Vamos cuidar para que esse “aperto de mão” fique cada vez mais firme, levando a ações cada vez mais integradas e ágeis, conduzindo ao progresso e crescimento sustentável. No fim, não importa se serão fundidos um, dois, dez ministérios. O que deve se buscar é a discussão do tema de forma ponderada, buscando o equilíbrio e agilidade nas ações. A pauta “meio ambiente” é transversal às atividades. Todos os ministérios com mais ou menos intensidade, tem responsabilidade por questões ambientais. Inclusive, este foi o motivo do governo eleito não ter fundido as pastas, pois temáticas como infraestrutura, mineração e petróleo, por exemplo, não são abrangidas diretamente pela agricultura. Agora uma coisa que podia acabar é o pleonasmo “meio ambiente”. Afinal, como diria o saudoso Prof. Caetano Ripoli, que tive o prazer de ser orientado, “você conhece algum meio que não é ambiente ou algum ambiente que não é meio”. João Rosa (Botão), professor do Pecege.

Autor (a)

Ana Rízia Caldeira
Ana Rízia Caldeira
Boa ouvinte, aprecio demais os momentos em que posso ver o mundo e conhecer as coisas pelas palavras das outras pessoas. Não por menos, entrei para o jornalismo. E além de trazer conteúdos para o Next, utilizo minhas habilidades de apuração e escuta para flertar com a mini carreira de apresentadora nos stories do MBA USP/Esalq, no quadro Você no Camarim.

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