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Como a autoestima mudou a vida de mulheres com câncer

Moda e câncer. Parece improvável colocar essas duas palavras em um mesmo contexto, mas uma paciente conseguiu. Flávia Flores, idealizadora do Instituto Quimioterapia e Beleza, juntou os dois conceitos para trabalhar a autoestima dela e de outras pacientes pelo Brasil. Flávia foi diagnosticada com câncer de mama aos 35 anos. Vaidosa, uma das preocupações dela na época era como ficaria durante o tratamento. O medo de não se reconhecer mais no espelho e a força de vontade para manter os cuidados com a beleza a fizeram criar a página no Facebook para compartilhar o dia a dia. “Eu queria mostrar para as pessoas que não estava morrendo, que não estava ficando feia e que eles podiam ficar perto de mim”, afirma. Na época, alguns amigos se afastaram e o namorado sumiu, então ela decidiu mostrar que ainda era a mesma Flávia, mas passando por um tratamento. A vaidade de Flávia deu a força que ela precisava para vencer o câncer. Hoje, aos 40 anos, ela ainda é uma paciente oncológica, mas não em tratamento. Não há sinais de câncer em seu corpo. No entanto, a vigilância é constante para evitar que o problema, caso volte, fique maior. Depois de criada, a página no Facebook acabou sendo referência para outras pacientes pelo Brasil. Elas formaram um grupo e passaram a trocar lenços. Nessa época, Flávia morava com a mãe em Florianópolis e costumava ir mergulhar na praia no fim da tarde. Isso chamou a atenção de um repórter de jornal, afinal, não é tão comum ver pacientes oncológicos na praia. Pouco depois, a matéria saiu e a página viralizou. Hoje já existe livro, blog, filme e, de uma rede social, o Quimioterapia e Beleza acabou virando instituição.

Moda

Flávia já trabalha no mundo da moda há muito tempo, então a preocupação com beleza sempre foi uma coisa presente em sua vida. Ela já foi modelo, representante comercial, gerente de marketing… enfim, sempre lado a lado com moda. Por conta disso, já conhecia Deborah Duarte, que é aluna do MBA USP/Esalq em Marketing e hoje trabalha junto com Flávia na Instituição, como diretora. Ela abraçou tanto a causa que o tema da monografia do curso é relacionado a isso. Deborah buscou entender o comportamento do consumidor – principalmente dos nichos de moda – frente a empresas que contribuem para projetos sociais relacionados ao câncer. A motivação para escolher o tema foi justamente porque a maioria das empresas só fala sobre o assunto em outubro, em que acontece a campanha de conscientização para prevenção do câncer de mama. “É para cumprir o calendário só”, comenta.

Banco de lenços

O maior banco de lenços do Brasil é o do Instituto Quimioterapia e Beleza. Só em 2018 já foram doados 7 mil. O acessório é solicitado pela paciente no site e enviado por correio. A mulher recebe uma caixa personalizada com um recado escrito a mão, bem pessoal. “É muito bom porque eu acho que ajudando as pessoas eu acabo me ajudando também. Isso reflete em mim, faz eu me sentir muito bem”, conta Flávia. Além do banco de lenços, o instituto também realiza palestras, oficinas e faz de tudo para conscientizar as mulheres para a prevenção. Para as que são pacientes, tenta trabalhar na autoestima. Segundo ela, a baixa autoestima causada pelas consequências do câncer pode refletir na imunidade do paciente e esta, por sua vez, influencia no tratamento. “Um paciente com imunidade muito baixa nem sequer pode fazer a quimioterapia”, finaliza.   Tem alguma história que envolva seu aprendizado no MBA USP/Esalq? Deixe ela aqui nos comentários 😉