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Mudança de carreira: qual o momento certo?

Mudança de carreira é um tema em alta quando o assunto é profissão e futuro. Seja para os mais novos, recém-graduados, ou para os mais experientes, que podem estar assistindo a transformações mais drásticas em suas funções, a possibilidade de atuar em um novo ramo traz sentimentos mistos.

Antes de mais nada, é preciso compreender que a mudança de carreira tem muitas interpretações. “Ela pode significar mudar de emprego, de cargo, de empresa, de profissão, de forma de atuação ou de atividade”, explica Talita Cordeiro, consultora, coach e professora dos MBAs USP/Esalq.

Neste cenário, as pessoas estão mais abertas às possibilidades de mudança, seja por adaptação a uma vida mais instável ou por exigência do mercado de trabalho. “A mudança contínua é uma característica do mundo em que vivemos hoje. Por isso, a mudança de carreira é um movimento natural ao longo da vida profissional, que está cada dia mais duradoura”, comenta.

Carreira líquida

O conceito de liquidez muito difundido pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman alcança as reflexões profissionais. Carol Shinoda, também professora dos MBA USP/Esalq, cita o filósofo ao descrever nossas relações e, consequentemente, nossos vínculos de trabalho como mais fluídos.

Carol entende a dificuldade do ser humano de viver sem saber o dia de amanhã. “Por mais que a gente queira manter certa estabilidade – isso realmente dá uma sensação de paz – as mudanças estão mais rápidas e imprevisíveis”, diz.

Mundo VUCA

Volátil, incerto, complexo e ambíguo. Essas são as principais características do mundo que vivemos desde a década de 1990. Em inglês, essas palavras montam o acrônimo VUCA (Volatility, uncertainty, complexity e ambiguity).

Mas o que isso tem a ver com mudança de carreira? Tudo! Mesmo aquelas pessoas que permanecem 20 ou 30 anos no mesmo emprego, uma raridade atualmente, viveram trajetórias de desenvolvimento e mudanças, ainda que ocupando a mesma posição.

Vida profissional X vida pessoal

O conceito de carreira moderna coloca a vida profissional e pessoal como uma só, sem separação. “As pessoas são indivíduos únicos, com diferentes papéis que demandam equilíbrio entre eles. O ponto comum entre esses papéis são os valores e a identidade. Por isso, a lógica de desenvolvimento profissional passa pelo desenvolvimento pessoal”, enfatiza Talita.

Carol completa: “Passamos muitas horas da vida nos dedicando ao trabalho. Então, ele precisa fazer sentido para quem somos, para justificar como investimos nosso tempo de vida. É importante que a gente entenda como contribuir com nossa forma de ser e com o que queremos deixar para o mundo a partir do nosso trabalho.”

Esse assunto é especialidade da Carol, que defende o autoconhecimento como fator primordial para dar o passo em direção à mudança de carreira. “Alguns profissionais, como coaches, podem auxiliar esse processo ao incentivar as pessoas a buscarem espaços em que possam ser elas mesmas ou que sejam agentes ao criar esses espaços”, encoraja.

Soft skills

Se você acompanha o Blog MBA USP/Esalq, já sabe que as soft skills estão pautando o mercado de trabalho. Essas habilidades sociais e emocionais são, na maioria das vezes, adquiridas fora do ambiente corporativo, mas cada vez mais valorizadas no perfil profissional.

“O ideal é trabalharmos nossas soft skills em conjunto com nossas capacidades técnicas, entendendo que a técnica deve ser ajustada com mais frequência, enquanto as soft skills são mais perenes. Mesmo que levem mais tempo para serem desenvolvidas, sua aplicação é progressiva e o hábito as tornam mais fáceis de utilizar e contribuir com o crescimento do profissional”, destaca Carol.

Essas competências transversais são o que temos de mais consistente em um mundo tão inconstante, por isso estão tão em alta.

Qual é melhor idade?

A insegurança sobre mudança de carreira é super comum em qualquer idade. Para os mais velhos, ela pode ser um empecilho, já que recolocação profissional, especialmente após os 40 ou 50 anos, pode ser mais desafiadora. “Por esse motivo, os mais experientes talvez se sintam impulsionados a tentar coisas novas, como empreender após uma vida de emprego formal”, constata Talita.

“O mercado de trabalho ainda é muito preconceituoso com a idade. De um lado temos muito conhecimento acumulado, experiência de vida mesmo, que só o tempo e alguns quilômetros rodados podem trazer. Por outro, podemos ter tudo isso fora de um espaço organizacional formal”, explica Carol.

Para os mais jovens, o início da carreira já deixa claro que, provavelmente, ela não será tão linear quanto a dos pais ou avós, justamente por essa transformação contínua do mundo. “Assim, é possível começar uma construção de carreira mobilizada pelo desenvolvimento e orientada por valores pessoais, autenticidade e propósito de vida. Esses elementos podem funcionar como uma bússola para direcionar a carreira, que não mais é definida isoladamente pela graduação”, continua Talita.

Para realizar a mudança

O medo tem uma função importante de nos trazer prudência e atenção. Portanto, com um plano sólido, ele vai se dissolvendo e deixando o caminho mais claro. Para isso, primeiro é preciso entender a natureza da mudança. Quanto mais diferente do cenário atual, mais desafiadora será a transição.

Todas as mudanças exigem planejamento e preparação. E isso inclui pesquisa de mercado, criação de network, estudo e planejamento financeiro, por exemplo. “São coisas que podem levar anos, assim vale construir tudo isso durante a vida. Porque toda experiência – profissional-pessoal – faz parte da carreira. Logo, tudo que foi feito, aprendido e vivenciado gera valor para experiências futuras”, conclui Talita.

Para a Carol, a dica é olhar para dentro de nós e para o mundo ao mesmo tempo. “Precisamos saber no que somos bons e o que gostamos de fazer, porque fica mais fácil nos dedicarmos e investirmos tempo nisso, em vez de correr atrás das modas profissionais que o mercado dita”, finaliza a professora.

Vale buscar terapia, outros profissionais que auxiliam o autoconhecimento e pessoas próximas que nos conhecem e até estão mais familiarizadas com o mercado para ajudar nessa integração.

E você, está na hora de uma mudança de carreira? Conte com os cursos de MBA USP/Esalq!

Autor (a)

Marina Petrocelli
Marina Petrocelli
Mais de 12 anos se passaram desde minha primeira experiência com Comunicação Social. Meus primeiros anos profissionais foram dedicados às rotinas de redações com pouca ou nenhuma relevância digital. O jornalismo plural se resumia em apurar os fatos, redigir a matéria e garantir uma foto expressiva. O primeiro sinal de mudança veio com a proposta para mudar de realidade e experimentar um formato diferente de produzir. Daí pra frente, as particularidades do universo do marketing se tornaram permanentes. Ah! Também me formei em Direito (com inscrição na OAB e tudo). Mas nem tudo se resume às minhas habilidades profissionais. Como produtora de conteúdo, me interesso por boas histórias, de pessoas reais ou em séries, filmes e livros, especialmente distopias. Gosto de montar roteiros de viagens e reconhecer estrelas e constelações em um aplicativo no celular. Museus, música e arte no geral chamam minha atenção, assim como cultura pop.

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