Um dos grandes desafios das organizações é manter os funcionários engajados e comprometidos, com sentimento de pertencimento. E esse processo começa no recrutamento e seleção. A motivação dos colaboradores é essencial e todos precisam estar alinhados à cultura da empresa, caso contrário, dificilmente conseguirão se envolver com as atividades que desenvolvem.
Quanto maior a diferença entre os objetivos organizacionais e os objetivos individuais do colaborador, maiores os conflitos que geram desmotivação. Assim, um processo de recrutamento e seleção coerente com os valores organizacionais é fundamental.
“A motivação está diretamente ligada a dois pontos fundamentais: necessidades dos colaboradores e nível de probabilidade de que elas sejam atendidas”, afirma Denise de Moura, especialista em Gestão de Pessoas e professora dos MBAs USP/Esalq.
“Por exemplo, se o principal motivador de um colaborador é a possibilidade de crescimento na carreira e ele percebe que na empresa onde trabalha somente os filhos do dono são promovidos ou não há um programa de progressão, dificilmente a empresa conseguirá manter o funcionário engajado. Ou ele se acomodará com o tempo ou pedirá demissão.”
O que fazer
As empresas que querem manter seus profissionais mais talentosos precisam entender essas questões, de acordo com Denise. É importante saber quais as necessidades dos colaboradores, os fatores que os motivam e como engajá-los para que se tornem melhores profissionais a cada dia.
“Toda pessoa dentro da organização tem uma necessidade diferente”, comenta. “Para algumas, um reconhecimento simbólico – como um elogio – faz toda a diferença. Para outras, feedbacks constantes são fundamentais ou uma recompensa específica”, completa.
É preciso que as organizações saibam sempre quais são as prioridades dos funcionários, mesmo em nível pessoal, para encontrar formas de incentivo que melhorem a motivação dos colaboradores.
“Para isso, as lideranças têm que conhecer suas equipes e se comunicar com cada pessoa de forma diferenciada. Grupos de alto desempenho se formam quando o líder consegue potencializar os pontos fortes de cada integrante”, reforça a professora.
Soft Skills
Uma das formas de conquistar a motivação dos colaboradores é incentivando o desenvolvimento das soft skills. De acordo com Denise, ao contrário do conhecimento técnico, comportamentos são mais difíceis de serem treinados, porque envolvem mudanças no modelo mental.
“O lema ‘As pessoas são selecionadas pelo conhecimento técnico e demitidas pelos comportamentos inadequados’ é uma verdade”, diz. No entanto, as contratações devem ser feitas pensando já na valorização da ética, integridade e honestidade – como requisitos obrigatórios.
“Algumas soft skills como resiliência, inteligência emocional, auto eficácia, resolução de conflitos e capacidade de negociação são muito valorizadas dentro das organizações. Independente do avanço das tecnologias, saber se relacionar bem com um grupo grande de pessoas, com culturas diferentes, equipes globais e equipes remotas é uma arte”.
O ser humano antes de tudo
Denise comentou ainda sobre como no futuro muitas das profissões que conhecemos hoje passarão por algum tipo de automação. “Haverá perda de muitos empregos tradicionais e outros surgirão com níveis mais altos de especialização – até porque as pessoas precisarão aprender a lidar com as novas tecnologias e com a inteligência artificial”, afirma.
A professora sinaliza que, dessa forma, os profissionais precisarão se reinventar rapidamente, mostrando inteligência emocional para lidar com as inúmeras adversidades que surgirão.
Um exemplo disso é o processo de automatização do plantio e colheita da cana de açúcar, que levou profissionais da lavoura à sala de aula para aprenderem a lidar com máquinas ou até mesmo a consertá-las. Por isso, cursos profissionalizantes têm aparecido com maior frequência.
As capacidades humanas são cada dia mais importantes e trazem mais motivação dos colaboradores. Assim, os líderes devem aprender a lidar com todos os tipos de pessoas e ambientes. “Criatividade, perfil analítico, liderança, negociação e um espírito cooperativo serão fundamentais em médio e longo prazo”, finaliza Denise.
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