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Liderança, gestão e coach: o que é melhor para o trabalho remoto?

Equipes são organismos delicados que só funcionam quando as tarefas individuais e coletivas estão fluindo corretamente. E isso só é possível quando estão bem direcionadas e acompanhadas pelo seu gestor. Entretanto, o regime de trabalho remoto, adotado por algumas empresas recentemente, exigiu uma mudança na configuração das atividades.

Se antes a equipe estava no mesmo ambiente e tinha contato direto com seu superior, agora os membros precisam trabalhar o autogerenciamento das suas atividades enquanto passam os resultados para o gestor.

“Esse afastamento físico provoca o gestor a atuar mais como líder para engajar o liderado. Como temos menos controle das tarefas individuais, é preciso um acompanhamento com mais avaliação de resultados. Como gestor, eu cobro o gerenciamento pessoal, mas trago formas de incentivo junto”, explica Talita Cordeiro, professora do MBA em Gestão de Pessoas USP/Esalq.

Gestor x líder

Apesar de estarem sempre associadas, as funções de um líder e de um gestor apresentam particularidades que as diferenciam. Segundo Talita, enquanto a gestão é uma prática administrativa, que envolve processos, recursos e/ou pessoas, a liderança é um papel social que pode ser desenvolvido por qualquer pessoa.

“A gestão geralmente é uma ação formal, quando existe uma relação hierárquica. Sendo gestor, você é responsável por alguma coisa, seja um processo, projetos, pessoas ou até mesmo um departamento”, esclarece.  

Quando envolve pessoas, a gestão se torna responsável por selecionar, treinar, desenvolver, garantir feedbacks, entre outras funções. A forma como isso é feito, no entanto, pode ser processual ou inspiradora. Quando inspirador, o gestor passa a mobilizar o time a ir além, sendo essa uma competência de um líder. 

A professora reforça: “Nem sempre o gestor é líder, mas a liderança é um papel, então alguém que não é gestor pode ser um líder. Se você não tem uma responsabilidade formal, como a de avaliar, mas está caminhando com e motivando seus colegas, isso demonstra que você exerce a liderança no seu ambiente.”

Liderança situacional

Quando o assunto é gestão a distância, o ideal para um gestor é conseguir exercer sua liderança. Além de conhecer bem a equipe e acompanhar os resultados, ele precisa trazer inspiração e clareza do que é esperado do trabalho de cada funcionário.

Conhecer a equipe também significa entender que o momento é vivido de forma diferente por cada pessoa. Enquanto alguns encaram o trabalho remoto sozinhos em casa, outros precisam equilibrar sua função com os cuidados exigidos pela família, como no caso de trabalhadores com crianças em casa.

“Se como líder eu não tenho uma conexão e não entendo a situação do meu liderado, pode ser complicado trazer engajamento e desenvolvimento para essa pessoa. É por isso que esse papel exige empatia, cuidado e ajuda no lugar de uma cobrança rígida por entrega de resultados”, comenta Talita.  

Com a liderança situacional, o gestor identifica nos subordinados a proficiência para lidar com a ocasião e evita efeitos negativos que podem acompanhar um trabalho remoto, como o Burnout.

“O esgotamento pode acontecer e ser ainda mais forte, porque as pessoas estão com medo. O líder tem que promover a calma e mostrar se os resultados estão dentro do esperado. Neste momento não podemos garantir emprego e estabilidade para ninguém, mas um líder pode mostrar que o que foi feito hoje é importante e que seu subordinado é altamente capaz.”

O coach como complemento

Apesar de diferentes, liderança e gestão são duas habilidades complementares e podem ser ampliadas com técnicas de coaching. Como ferramenta de treinamento, o coaching aplicado na gestão e liderança é uma estratégia para gerar mais participação e desenvolver equipes.

A ICF (International Coach Federation) define o coaching como uma parceria entre profissional (coach) e cliente (coachee) em um processo criativo e instigante que inspira o cliente a maximizar seu potencial pessoal e profissional.

Talita esclarece que um líder pode usar ferramentas do coaching, inclusive no trabalho remoto, para guiar o desenvolvimento de seus subordinados, fazendo perguntas, estimulando novas soluções e levando ao aprendizado e criação de conhecimento.

Embora possa utilizar as ferramentas do coaching na sua função, seja de líder ou gestor ou ambos, a professora lembra que a pessoa responsável por uma equipe não atua como coach.

“Isso demanda uma formação específica. Por isso o gestor e líder pode ter conversas de coaching, utilizando ferramentas e, principalmente, fazendo perguntas abertas e que estimulem o pensar criativo”, finaliza.

Sabemos que autogerenciamento é importante durante o trabalho remoto. Você anda recebendo acompanhamento do seu superior nisso?

Autor (a)

Ana Rízia Caldeira
Ana Rízia Caldeira
Boa ouvinte, aprecio demais os momentos em que posso ver o mundo e conhecer as coisas pelas palavras das outras pessoas. Não por menos, entrei para o jornalismo. E além de trazer conteúdos para o Next, utilizo minhas habilidades de apuração e escuta para flertar com a mini carreira de apresentadora nos stories do MBA USP/Esalq, no quadro Você no Camarim.

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