Quem acompanhou o cenário econômico do país nos últimos anos, inclusive em 2019, com um ambiente político mais conturbado e câmbio mais desvalorizado, deve ter ficado confuso sobre o futuro financeiro. É possível, inclusive, que tenha ficado inseguro sobre investir e guardar dinheiro.
Pensando no caso do perfil de investimento conservador, a atmosfera atual pode parecer ainda mais desafiadora, principalmente com a inflação superando a taxa básica de juros (Selic), que flutuou nos últimos dez anos em até 14%.
“Com esse valor, ninguém precisava pensar em arriscar capital em ativos que tinham um risco maior, porque existia tranquilidade de retorno. Agora, com a Selic que fechou abaixo de 5% ano passado, temos uma situação em que investir nela já não é tão vantajoso”, explica o economista João Victor Blasco.
Levando em conta também as reformas da previdência, é normal que algumas pessoas queiram começar logo um “pé de meia” para se garantir no futuro. Por isso, pesquisar um pouco e se planejar para as oportunidades são os primeiros instintos que todo investidor precisa ter.
Em todos os casos, ainda é possível achar um investimento que se encaixe nas realidades individuais, seja para rentabilizar mais o dinheiro ou para garantir um pouco mais de estabilidade e padrão de vida no futuro.
O que vem pela frente
Com inflação seguindo maior do que a taxa de juros, é necessário pensar em outras possibilidades de investimento. Entretanto, não basta apenas começar a investir, um bom estudo mostrará qual o melhor caminho na hora de aplicar o dinheiro.
“O mercado de ações, por exemplo, é mais indicado para um perfil arriscado, então não é bom encarar as ações como um aventureiro, sem entender basicamente o que se está comprando e onde se está alocando o capital”, alerta Blasco.
Segundo o economista, o melhor é seguir com opções seguras para depois ganhar confiança, ao mesmo tempo em que se estuda novas formas de investimento. “Aplicações que são asseguradas pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e protegem investimentos de até 250 mil por instituição financeira são boas para quem quer preservar seu dinheiro”, acrescenta.
Ainda sobre as taxas de juros, as intensas movimentações na economia trouxeram novas necessidades para quem apostava em títulos públicos e possuía bons retornos. Hoje, a realidade empurra o investidor para outras escolhas: aceitar a baixa rentabilidade ou se arriscar mais.
“Até 2018, existiam cerca de 500 a 600 mil CPFs na bolsa de valores. Em 2019 ela fechou com 1,5 milhão. Esse número vai continuar a subir porque a mentalidade das pessoas mudou. Elas passaram a olhar com mais carinho para a renda variável”, observa o economista.
Investimento conservador
Boa parte das pessoas já possui dinheiro guardado e não quer que ele deixe de render. Mas Blasco lembra que investimentos de baixo risco – e até mesmo em bolsa de valores – não torna ninguém rico.
“O que ajuda a melhorar a renda é ter constância nos aportes em investimentos que a pessoa acredita e, é claro, guardar e economizar dinheiro sempre que possível. O melhor investimento nem sempre é aquele que dá o melhor retorno, mas sim aquele que faz isso com riscos minimizados”, comenta.
Na hora de movimentar o dinheiro, Blasco propõe deixar a maior parte do capital em uma aplicação segura, como a poupança, que não tem bons rendimentos, mas não faz perder o dinheiro. Ela será a reserva de emergência para qualquer ocorrência inesperada.
Com a outra parte se pode começar a investir de forma moderada ou montar um fundo de aposentadoria. Em investimentos de baixo risco, os mais indicados para quem quer ter previsibilidade nos seus rendimentos são:
- Curto prazo (cerca de 1 ano): CDB de liquidez diária, fundo de renda fixa.
- Prazo médio e longo (acima de 2 anos): CDB, LCI, LCA, fundo de investimento, previdência privada.
Os fundos com liquidez diária são indicados para o caso de pessoas que não desejam contratar planos de aplicação, que podem ir desde 90 dias a 2 anos ou mais.
Saindo da zona de conforto
Se o ano começou com um pouco mais de confiança e a possibilidade de investir no mercado de ações está dentro da realidade pessoal, Blasco recomenda procurar por corretoras que trabalham com renda fixa, variável e multimercado (investimentos dentro e fora do país).
“Isso é para pessoas que querem se arriscar no mercado de ações, nem que seja um pouco, mas não conseguem gastar tempo acompanhando isso todos os dias. Em empresas de investimento tem alguém fazendo o trabalho mais pesado pelo cliente, que é o de analisar o mercado, e informando os resultados dos produtos contratados.”
A desvantagem para quem quiser aderir a essa alternativa está no pagamento de uma taxa administrativa pela manutenção do capital, que gira em torno de 1% a 2% ao ano daquilo que foi alocado.
“Existe também uma taxa de performance, que é cerca de 20% de tudo aquilo que passar o IPCA ou Ibovespa, que é o indicador das empresas na bolsa. Então, cabe a pessoa entender se essa é ou não uma opção boa dentro do que ela deseja para o seu capital nos próximos meses ou anos”, conclui o economista.
E você, já faz algum investimento ou ainda não descobriu o seu perfil de investidor?