Ninguém precisa ser realmente viciado em internet para sofrer com o uso da tecnologia. É mais fácil ser afetado por ela do que abandonar o seu acesso, afinal, estamos nos conectando cada vez mais e até mesmo nossas casas estarão integradas com a internet em breve.
O uso da tecnologia talvez nem seja o principal ponto para mudanças no comportamento humano, mas sim cada um de seus “produtos”. O mais forte deles, sem dúvida, são as redes sociais, que foram responsáveis por organizar as pessoas em relacionamentos horizontais, muitas vezes iniciados a partir de um objetivo em comum.
Foram as redes sociais que trouxeram também a sensação inevitável de precisar estar conectado com frequência, tornando a tecnologia um item indispensável na rotina.
Como consequência de querer estar sempre informada, a população vem apresentando níveis elevados de estresse e ansiedade como nunca visto antes. Tudo isso derivado de um uso exagerado e, algumas vezes, insensato das mídias.
Um novo comportamento
Ter acesso à internet facilita nossos negócios, relacionamentos, consumo e aquisição de conhecimento. E já não podemos negar que essa transformação também afetou nossa forma de pensar e agir. Antes, por exemplo, era bem difícil conversar de forma próxima com as marcas. Hoje, elas agem como nossas “amigas” no mundo virtual.
As redes sociais deram voz aos usuários e mudaram seu consumo habitual de informações. E se por um lado a internet é importante para estreitar relacionamentos, por outro ela foi responsável pela criação de diversas síndromes.
Assim como tudo que é consumido em excesso, estar tanto tempo online tem lá as suas cobranças. Sinal disso são os diversos sintomas de esgotamento da saúde mental que aparecem na geração mais jovem, como problemas de sono, FoMO (“Fear of Missing Out”, expressão equivalente a “medo de estar por fora”), bullying, ansiedade, depressão, solidão e imagem corporal distorcida.
Quanto mais consumimos o que é considerado como inspiração, mais desejamos ser o outro, em vez de boas versões de nós mesmos. Como as redes pinçam apenas o que é “perfeito”, dificilmente enxergamos a realidade, nos sobrecarregando com frustrações de coisas que não conseguimos alcançar.
Repensar não significa abandonar
Assim como diversas outras tecnologias mais antigas (tal como a televisão e o rádio, que ocuparam as horas vagas dos espectadores), as redes sociais e internet não podem ser totalmente culpadas por um movimento cultural cada vez mais egocêntrico e mentalmente frágil.
Na verdade, quando usada com moderação, essa tecnologia melhora as habilidades sociais e encurta tempo e espaço. Além de consumir informações, os usuários tendem a usar seus smartphones para se aproximar de pessoas com os mesmos interesses, mas que por muitos motivos não estão fisicamente próximas.
O uso de redes sociais também colabora para a formação de comunidades e da sensação de pertencimento. Bons exemplos do seu uso saudável são círculos que compartilham informações sobre bem-estar, ajuda emocional, dão voz a minorias e até mesmo fazem mobilizações a favor delas.
Em um estudo produzido pela Universidade Carnegie Mellon, foi observado que a troca de mensagens, postagens e comentários positivos são importantes elementos de apoio social para combater sintomas de solidão e depressão. Os efeitos positivos foram ainda mais fortes quando os contatos eram entre amigos próximos.
Embora atualizações e publicações superficiais ainda sejam a maior porcentagem dos conteúdos vistos nas redes sociais (e sirvam como gatilho para o mal-estar), relações genuinamente engajadas e ativas podem fazer bem aos usuários.
Relacionamento saudável
Se algumas das metas para o novo ano envolvem melhorar a relação com a tecnologia e, por consequência, com as redes sociais, algumas medidas podem amenizar os impactos negativos dessas mídias. O começo para isso vem com a consciência de que nem tudo pode ser levado tão a sério.
A manipulação digital é uma ação tão fácil de se fazer que em poucos minutos uma foto pode ser retocada com um aplicativo. E é o excesso de modificações, com cliques perfeitos, de momentos perfeitos e com ambientes aparentemente perfeitos que enganam os usuários.
O comportamento obsessivo com a internet não é culpa somente dessa tecnologia, mas sim de um padrão psicológico geral, no qual as redes sociais não adoeceram mentalmente seus usuários, só trouxeram à tona o que já estava frágil nas pessoas.
Portanto, para repensar hábitos e ter uma relação melhor, e até mais saudável, com a tecnologia, tente adotar os cinco pontos a seguir:
Monitore: observe o momento e a frequência que você acessa as redes sociais; entenda o quanto elas tomam do seu tempo e como afetam sua vida pessoal.
Preste atenção: ouça as pessoas ao seu redor e entenda se está dedicando mais tempo a elas ou às redes sociais.
Observe seu humor: como é o seu estado emocional antes, durante e depois de usar suas redes sociais? Elas geram bem-estar ou são gatilhos para angústia e ansiedade?
Lembre-se do que é real: todas as postagens são apenas recortes – geralmente positivos – das vidas pessoais e é por isso que não faz sentido ficar se comparando.
Evite exposições e discussões: quando feitas em excesso, abrem portas para comentários que podem te deixar mal.
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