Você se lembra de situações em que se frustrou ou percebeu algum colega irritado após uma conversa? Quando uma mensagem é passada de forma errada ou com mau tom, pode dar início a um conflito. Na comunicação não violenta, ou CNV, existem técnicas para evitar esse tipo de situação.
Baseada na consciência das necessidades do próximo, a comunicação não violenta tem a simples finalidade de criar diálogo sem agredir ou ofender verbalmente um colega.
Desenvolvida pelo psicólogo Marshall B. Rosenberg, essa habilidade fortalece as relações humanas. Segundo o autor, as “palavras, em vez de serem reações repetitivas e automáticas, tornam-se respostas conscientes, firmemente baseadas na consciência do que estamos percebendo, sentindo e desejando.”
Em ambientes diversos, a comunicação não violenta nos leva a refletir sobre necessidades, cria empatia entre as pessoas e evita conflitos. Além disso, ela abre portas para a resolução de conflitos, por mais antigos que sejam.
A fala violenta
Uma comunicação não violenta pode ser desenvolvida no trabalho, em casa ou no ambiente social. Entretanto, é preciso identificar antes as práticas de comunicação violenta e como elas estão facilmente inseridas nas conversas cotidianas.
Para começar, basta reconhecer o sentimento despertado durante a emissão de uma mensagem. Ela pode ser desde uma fala, uma mensagem ou conversa por telefone. Na CNV, ao expressar uma crítica, por exemplo, é preciso fazê-la de uma maneira empática.
Falar que alguém é desorganizado pode gerar três reações: revolta, aceitação ou rejeição. Mas nenhuma dessas reações fazem parte da CNV. Quando alguém acusa o outro, significa que uma necessidade não foi atendida. Isso, necessariamente, não aponta que alguém errou, mas sim que existe frustração de desejos não atendidos.
Portanto, a prática da comunicação não violenta está relacionada tanto ao emissor quanto ao receptor de uma mensagem. Ambos podem e devem refletir sobre a necessidade por trás de cada crítica.
Exercícios de comunicação não violenta
Uma boa CNV se baseia em alguns elementos. Quando praticados, eles podem mudar de forma radical as relações pessoais e profissionais. São eles:
Observação sem julgamento
É natural que nossos julgamentos surjam dentro de uma primeira observação. Mesmo que pareça difícil, é possível deixar de lado a avaliação e crítica dos pré-conceitos.
Após isso, deve-se evitar uma expressão generalizada ou exagerada do ponto de vista. Por exemplo, em vez de usar falas com “jamais”, “nunca” ou “sempre”, elas podem ser substituídas por sinônimos atenuantes.
É mais fácil aceitar e entender a fala “você entregou seus trabalhos com certo atraso. Isso me preocupa e me ofereço para te ajudar no que precisar” no lugar de “você nunca entrega suas coisas no prazo”.
Identificar sentimentos
Mais do que se livrar de pré-julgamentos, uma comunicação não violenta preza pela honestidade. Tanto na hora de identificar quanto no momento de expressar, seja sincero sobre o que sente: medo, mágoa, frustração, tristeza, insegurança, irritação etc.
Ao comunicar esses sentimentos, não disfarce, pois é possível que o receptor da sua mensagem não seja capaz de entender sua vontade. Isso leva novamente a julgamentos errados.
Crie empatia e facilite o entendimento sobre o que sente, mas nunca culpe o outro por esse sentimento. Ser vulnerável é natural para qualquer pessoa. Somente sendo sincero é possível se livrar dos sentimentos limitantes.
Localizar necessidades
Nem sempre estamos atentos para observar o que de fato nos leva a tomar certas atitudes. Então, sentir com profundidade as necessidades pessoais é um exercício a ser feito em particular.
Ao identificar os sentimentos, sejam positivos ou negativos, eles devem ser conectados às necessidades. Nesse momento somos levados a agir por impulso e, muitas vezes, passamos uma mensagem errada e violenta.
Se a sua frustração for ativada, por exemplo, quando alguém grita ou fala de maneira grosseira, experimente conversar. Tentar dizer “quando você levanta a voz eu me sinto desrespeitado” pode ajudar a localizar a carência dos dois lados.
Emitir pedidos claros
Se você compreendeu o que levou alguém a agir ou falar de uma maneira, chega a hora de saber como atender as necessidades individuais e do próximo. Para isso, determine quais ações podem ser praticadas.
Sempre opte por uma perspectiva positiva, mas que seja clara no pedido. Nunca exija, mas peça. Isso torna o tom da fala menos autoritário, gerando simpatia entre receptor e emissor da mensagem.
Usando o exemplo anterior, no lugar de “não quero que grite”, opte por dizer “gostaria que falasse mais baixo”. Mais importante ainda é se certificar de que as duas partes da conversa saíram com a mesma compreensão. Pergunte ao outro o que ele entendeu sobre o que você disse.
Que tal colocar a CNV em prática nas suas resoluções do próximo ano? ?