Os meios de comunicação influenciam profundamente a sociedade no comportamento, forma de pensar e agir. Por isso, a educação midiática propõe inserir essa temática nas escolas e, assim, unir os dois conceitos e compreendê-los em conjunto.
A educação midiática é a inserção de conteúdo relacionado à comunicação e mídia nas escolas. É trazer a compreensão por parte dos alunos de vários níveis educacionais sobre a importância e o papel da mídia, gerando capacidade de pensamento crítico.
Mais do que uma teoria, a educação midiática no dia a dia de uma escola é utilizar ferramentas da comunicação em práticas pedagógicas, que não é algo tão novo assim. “Isso já é feito em certa medida. Os próprios livros didáticos há décadas abordam o estudo dos gêneros discursivos da esfera jornalística como, por exemplo, a notícia, o editorial, etc”, afirma Claudia Assencio, educadora, jornalista e idealizadora do coletivo Educomunicação e Cultura.
Apesar de isso já ser inserido a pequenos passos na educação, ainda não engloba o conceito de letramento midiático. As escolas, principalmente as públicas, deveriam reconhecer os meios de comunicação como formadores de opinião e buscar a compreensão dos processos de produção da notícia, como são organizadas e como influenciam a realidade, segundo a educadora.
Diante desse cenário, surge o termo “Educomunicação”, que une a educação e comunicação, conceitos-chave da educação midiática. “Isso representa tanto a prática da leitura midiática crítica como as ações que compõem o campo da inter-relação comunicação e educação”, explica Claudia.
O impulso das fake news
Em uma realidade onde as notícias são espalhadas com tanta velocidade pela internet, é de extrema importância dar atenção a elas. E, mais ainda, o discernimento do que são notícias reais e do que são fake news. A educação midiática propões, entre outras coisas, essa compreensão.
A era das fake news – notícias falsas que se espalham pela internet como se fossem verdadeiras – dá maior importância ao aprendizado das maneiras de produção de informação. “Quando o aluno conhece minimamente os processos de produção de uma notícia, consegue analisar e fazer uma leitura crítica, ele se torna um leitor mais hábil e, portanto, não cairá facilmente em fake news”, diz a educadora.
Trazer para a educação os conceitos de imprensa e mídia, e suas práticas, incentiva o pensamento crítico e a visão da comunicação como formação de opinião – que ajuda a combater as notícias falsas. A educação midiática prepara os alunos para compreender a imprensa e, para além disso, produzir conteúdo.
Mudança na educação
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do ensino básico aprovada para 2019 prevê a educação midiática como conteúdo obrigatório nas escolas brasileiras. Entre outras coisas, a medida diz que o aluno deve ter a leitura crítica da informação que recebe da imprensa, de mídia tradicional ou não, inclusive redes sociais.
Já na BNCC para o Ensino Fundamental 2, que compreende entre o 5º e 9º ano, as habilidades previstas são análise e produção de notícias, as reflexões sobre o papel da publicidade e o entendimento sobre o ambiente da desinformação.
“Deixamos de ser apenas leitores de notícias e nos tornamos também produtores e reprodutores de conteúdo, porque o repassamos”, diz Claudia. “O conceito é relativamente novo e muitos educadores desconhecem a educação midiática e informacional ou não sabem como trabalhá-la na prática”, completa.
Na prática
Apesar da importância desse assunto ser inserido das bases da educação, muitos educadores ainda têm dificuldades. “Por ser um conceito relativamente novo, muitos não sabem como trabalhá-lo na prática”, afirma Claudia.
A educação midiática começa desde a inserção da criança na escola, na alfabetização. Embora pareça cedo, é importante inserir elementos da comunicação na disciplina de língua portuguesa, para que o aluno comece a internalizar o conteúdo e compreender as notícias.
É preciso inserir cada conteúdo com base na fase educacional das crianças e adolescentes, para, assim, formar o pensamento crítico e a capacidade de compreensão do que é lido. O estudo da mídia é importante, ainda, para incentivar não apenas o entendimento, mas a produção de conteúdo jornalístico.
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