Após alguns anos de atuação no mercado, é comum que o profissional se questione sobre os rumos de sua carreira. E quando a insatisfação é mais forte do que os pontos positivos, não raras vezes, acaba-se optando pela mudança de área. Mas será que trocar uma carreira consolidada por uma totalmente diferente é garantia de sucesso? Ou vale mais a pena manter a carreira, trocando o foco ou o ambiente de trabalho? A resposta é que depende! Inúmeros fatores devem ser considerados em um processo de transição, afirma Denise de Moura, professora do MBA USP/Esalq em Gestão de Negócios. “Se a pessoa pensou em transição de carreira é porque alguma coisa está passando, mas ela precisa entender primeiro qual é o motivo dessa desmotivação, insatisfação ou frustração”, diz a docente, que é especialista em recursos humanos. A transição de carreira, reforça Denise, é uma mudança radical na trajetória profissional e, portanto, deve ser tomada com muita clareza do que se quer. “É preciso ver o que ela não gosta hoje, se é o trabalho em si, se são as pessoas, a liderança. Poderia trocar de setor? Se ela se fizer essas perguntas e chegar à conclusão de que de fato são as atividades que trazem insatisfação, fazer a transição de carreira faz sentido”. Agora se o que incomoda são os colegas, a falta de perspectiva (promoções profissionais) e até mesmo a liderança, pensar em trocar de setor dentro da própria empresa ou buscar um novo ambiente de trabalho pode ser um caminho melhor, recomenda Denise.
Quero mudar
O profissional que entende não ser mais feliz na carreira atual e decide iniciar uma nova jornada deve ter em mente que esse processo será árduo. Na maioria das vezes, ele não é fácil, muito menos, rápido. Fazer uma transição de carreira requer um planejamento muito eficiente. Envolve considerar diversos fatores e o primeiro deles é a idade – que não é um limitador, mas requer outro tipo de planejamento. “O mercado é complexo e quem já tem mais experiência, trabalhou por muitos e muitos anos em uma mesma empresa, se daria muito melhor como um consultor. Começar um novo curso e voltar a ser estagiário seria muito complicado. Uma opção é dar aulas, consultoria. A pessoa sai daquele mundo que vivencia, muda as formas de trabalho e o foco”, orienta Denise. Quem se decide por uma área completamente diferente, recomenda a profissional, deve conversar com quem já está no setor pretendido e pesquisar o mercado. “Muitas vezes a gente tem um sonho, ele é lindo, mas na realidade não é tão bonito assim. Converse com pessoas que de fato estão na área e avalie se é válido de fato.”
Estudo e dinheiro
O mercado de trabalho exige profissionais preparados. Mudar de área pode requerer inclusive uma nova graduação, além de cursos de aprimoramento, treinamentos, etc. Isso tudo envolve gastos com educação e, portanto, é preciso ter planejamento financeiro para ‘bancar’ toda essa preparação. “A pessoa pode ter que ficar um tempo apenas estudando, sem emprego, mas as contas chegam e é fundamental se planejar financeiramente para isso também. O profissional tem que considerar ainda que, mesmo sendo experiente, na maioria das vezes vai ter que começar novamente como um estagiário, trainee, com salários menores”, lembra. Ou seja, alcançar novamente o patamar salarial de um profissional pleno/sênior levará alguns anos e isso também precisa ser considerado no momento em que se planeja a transição.
Tenha clareza e persista
Analisar, pedir ajuda, solicitar indicações, planejar, estudar são algumas etapas imprescindíveis da transição de carreira. Mas é a clareza do que se quer e persistência naquilo que se traçou que garantirão a efetividade dessa transição profissional. “Transição de carreira é diferente de trocar de emprego, de empresa. É uma mudança de vida e mudança de vida não se faz toda hora”, lembra Denise. Problemas irão surgir em meio a essa transição e será hora de enfrentar, comenta a professora. “Se você decidiu que quer mudar, se planejou, determinou, não olhe para trás. Dá muito trabalho, transição é difícil, é preciso mudar paradigmas, comportamentos, aprimorar o autoconhecimento, é muita coisa, mas é possível.” Outra dica da professora é não apagar sua experiência. “A tendência é ir para uma nova carreira e esquecer de tudo o que se fez, mas levar essa experiência é uma vantagem competitiva. Pergunte-se: o que posso trazer da minha antiga carreira que pode se tornar uma vantagem onde quero chegar?”
Vale a pena?
Denise reforça que as empresas hoje estão muito mais abertas e que o diploma não é um limitador, portanto, é possível mudar de ares e até agregar outras características a seu trabalho – se ainda não há clareza sobre mudar de profissão. “Sempre sugiro: se você está infeliz, olhe para sua empresa e pense se não tem como trocar de área. Será que dá para buscar uma nova oportunidade lá mesmo? Às vezes há essa possibilidade”, cita. “Muitas vezes a gente fica buscando sempre outros caminhos e não é por aí. Seja o melhor onde você estiver e, se ainda assim, você não estiver feliz, busque outras chances, mas esgote as possibilidades”. Quer saber mais sobre o tema? Veja como o coaching pode ajudar a melhorar sua carreira.