O Management 3.0 está no radar dos especialistas em Gestão de Projetos e das empresas. Isso porque a terceira geração desse modelo de gestão combina uma coleção de jogos, ferramentas e práticas que se mantêm em constante evolução, a fim de ajudar qualquer profissional a gerenciar uma organização. É um caminho para enxergar os sistemas de trabalho. Legal né?!
E não para por aí. Gino Terentim, professor dos MBAs USP/Esalq, conversou com o Blog MBA USP/Esalq e deu uma super aula sobre o conceito de Management 3.0, seus benefícios para empresas e como aplicá-lo no dia a dia. Vale a leitura!
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O que é Management 3.0?
Segundo Terentim, “a gestão (ou Management) 3.0 busca olhar as organizações de forma orgânica, como um sistema adaptativo complexo, ou seja, um sistema que se organiza, se adapta, evolui e aprende, de forma que todos sejam parte da gestão, independente de serem ou não gestores.”
Para o professor, uma organização que descentraliza a gestão funciona como uma comunidade.
“Em uma comunidade, todo mundo é responsável por ‘uma parte’. Embora algumas pessoas sejam responsáveis pelo todo, ninguém é responsável por tudo sozinho. Funciona como uma organização ou sistema no qual todos se sentem responsáveis pela gestão. Assim, descentralizar a gestão para tornar o sistema mais robusto, forte e resiliente gera mudanças claras.”
A jornada até aqui
Mas, para chegarmos ao Management 3.0, foi preciso passar pelo Management 1.0 e 2.0. O professor explica historicamente sobre os avanços da gestão no meio corporativo, ressaltando como funcionavam as gestões 1.0 e 2.0, respectivamente.
“A gestão 1.0 enxergava as organizações como máquinas e as dividia em partes até que, na menor parte possível, houvesse uma pessoa executando uma atividade. A premissa por trás dessa gestão é que as pessoas não precisam pensar, apenas executar. Um exemplo disso é o filme ‘Tempos Modernos’, com Charlie Chaplin, em que o personagem, depois de passar o dia inteiro apertando parafusos, sai pela rua fazendo o mesmo movimento continuamente.”
“Esse modelo de gestão tem uma visão linear, cartesiana e reducionista”, explica Terentim.
Diferente da primeira, o Management 2.0 surgiu de um experimento realizado em uma fábrica nos Estados Unidos, pelo pesquisador Elton Mayo, com a finalidade de descobrir a melhor forma de configurar variáveis ambientais da fábrica para que as mulheres que lá trabalhavam rendessem mais. Para isso, utilizava fatores como luminosidade, isolamento acústico e ergonomia, tudo para que as mulheres pudessem produzir o máximo possível.
Após diversos testes, foi descoberto que, na verdade, não eram os fatores ambientais que influenciavam na produtividade, mas o sentimento em cada funcionária de serem observadas e valorizadas por alguém.
“Esse experimento deu origem ao que conhecemos como a ‘teoria das relações humanas’, e foi o ponto de partida para todo o estudo do campo motivacional, pois ficou claro que o ser humano é motivado por algo além das recompensas materiais, as pessoas também se motivam pelo fato de se sentirem importantes. Isso criou um jargão muito comum na gestão 2.0 de que ‘as pessoas são o ativo mais importante da organização’, ou seja, fazer as pessoas se sentirem importantes gera mais produtividade.”
De acordo com Terentim, o problema é que essa fala não condizia com a prática e, por algum motivo, a função de gestão era atribuída apenas para alguns, que eram vistos como pessoas de confiança, com salas, cadeiras e salários melhores. Logo, algumas pessoas acabavam sendo mais importantes que outras, o que levou ao colapso da gestão 2.0.
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Benefícios do Management 3.0 nas empresas
Ter uma gestão descentralizada não significa não ter gestores e liderança, mas tornar a gestão parte intrínseca do trabalho das pessoas, de forma que todos se sintam parte dela.
Terentim explica com um exemplo inusitado: as formigas. “Um sistema descentralizado é muito mais forte. Veja, por exemplo, as formigas em seus formigueiros, onde os agrupamentos sociais na natureza são feitos de forma descentralizada, sem um responsável pela gestão do formigueiro e com todas as formigas sendo responsáveis.”
“Olhar as organizações inspirados pela natureza faz com que a gente crie sistemas feitos para durar, e que realmente não dependem de uma única pessoa para dar um comando. Todos se sentem parte da gestão, tornando organizações mais robustas, fortes e adaptáveis a mudanças”, diz o professor.
Dicas para colocar o Management 3.0 em prática
Segundo Terentim, o próprio autor do Management 3.0, Jurgen Appelo, criou duas bases e seis olhares que nos ajudam a entender as organizações de forma mais sistêmica. Os dois pilares são:
- Gestão e liderança: a gestão para manter o status quo e a liderança para mudar o status quo, gerando a ambidestria organizacional
- Pensamento complexo: para parar de enxergar as organizações de forma linear e cartesiana, e passar a enxergá-las como sistemas adaptativos complexos.
Quantos aos seis olhares do Management 3.0:
- Pessoas energizadas: para o Management 3.0 funcionar, as pessoas precisam estar energizadas. Do contrário, elas não vão se adaptar, empoderar e trabalhar de forma criativa e descentralizada. Para isso, é necessário trabalhar na motivação e no engajamento.
- Delegação e formação de sucessores: empoderar os times para que eles executem o que for necessário.
- Alinhar as restrições: entender como tudo será feito, quais valores são insubstituíveis e quais regras são inegociáveis. Trabalhar valores e cultura organizacional a partir do alinhamento de restrições, de forma que as coisas sejam feitas de forma sustentável e sem ferir os valores.
- Desenvolver competências: entender como trabalhar o desenvolvimento das competências do time e das pessoas que os compõem.
- Fortalecer a estrutura: passo essencial para permitir o crescimento da empresa, por meio da auto-organização dos times.
- Olhar de melhoria contínua: trabalhar com sucessos e falhas, olhando resultados e comportamentos, inserindo experimentos e práticas, evitando erros e, assim, melhorando continuamente.
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