Em um mundo em que fatores econômicos ditam as regras e as próximas decisões das empresas e empreendedores, a economia em projetos surge como peça fundamental para uma boa análise e, consequentemente, uma boa gestão de negócios. Isso porque as equipes de projetos têm grande potencial para atender às mudanças do cenário econômico e seus efeitos.
Para falarmos sobre aspectos importantes da economia em projetos e sua relevância no dia a dia, conversamos com o professor Fernando de Souza Coelho, do MBA em Gestão de Projetos USP/Esalq, que apresenta uma abordagem coerente e contextualizada sobre o tema. Confira abaixo!
O que é economia em projetos?
Para uma boa aplicação da economia de projetos, é preciso entender seu real significado e abrangência. Coelho divide o termo, explicando separadamente a economia – ciência essencial para a discussão – e sua devida aplicação em projetos.
“Economia é uma ciência social aplicada e, como tal, é um modo de pensar os negócios, em particular, e a sociedade. Em gestão de projetos, como em qualquer área de gestão e administração, a economia tem contribuições pela macroeconomia e pela microeconomia”, explica.
“Qualquer gestor necessita compreender o ambiente econômico e suas variáveis (PIB, inflação, desemprego, juros, câmbio, déficit/dívida pública) e como os resultados desses agregados macroeconômicos influenciam um setor, uma empresa ou um projeto. Igualmente, é fundamental compreender o comportamento do consumidor e as estruturas de mercado, ou seja, a demanda e a oferta para posicionar um produto ou serviço, microeconomicamente.”
Os pilares da economia em projetos
Na concepção do professor, a economia em projetos é um conceito que pode ser dividido em dois pilares:
- Instrumental: se refere à ideia de planejamento/gestão de projetos baseados em evidências, que inclui dados econômicos, seja macro ou microeconômico.
- Substantivo: se refere à ideia de que a prosperidade econômica não é meramente o lucro, mas a ideia de equilíbrio de necessidades das partes interessadas, sejam as imediatas (de curto prazo) ou futuras (que, no limite, incluem um olhar intergeracional pelo paradigma da sustentabilidade).
Como aplicar a economia de projetos?
Coelho se aprofunda ainda mais no tema, mostrando a utilização da economia em projetos e as diferenças entre os conceitos de economia e os modelos a serem aplicados.
“Primeiramente, é importante compreender os conceitos, baseados em uma linguagem da economia, bem como os modelos econômicos (introdutórios) que operacionalizam os conceitos e os traduzem em indicadores”, comenta.
Ele exemplifica com o PIB. “Todos sabemos o que é o PIB (Produto Interno Bruto). Este é um conceito. Mas como operacionalizá-lo para compreender a conjuntura da economia de um país? Necessitamos de um modelo e, por consequência, de um indicador que estime este PIB. Este é o papel da nossa disciplina no MBA de Gestão de Projetos, mostrar como os conceitos econômicos são traduzidos em modelos econômicos e estimados por indicadores econômicos que permitem os gestores analisarem o ambiente econômico de um país e setor.”
A economia em projetos nos períodos de crise
Se a economia em projetos é essencial para os negócios, é natural que sua utilização durante períodos de crise seja algo igualmente necessário, pois garante melhores interpretações e auxilia na gestão dos impactos em projetos no geral. O professor explica sua importância com base no cenário de pandemia em que o mundo se encontra.
“Crises na economia são períodos anticíclicos na conjuntura econômica (uma recessão, por exemplo) e/ou períodos de ajustes na estrutura econômica – as bases da economia. Na atualidade, temos uma crise econômica simultaneamente conjuntural e estrutural, advinda da crise sanitária da pandemia e justaposta, no Brasil, a uma crise política. Não é um panorama trivial de desvendar, mas o conhecimento da economia contribui, sobremaneira, para interpretar o cenário/tendências e seus impactos na gestão de projetos.”, afirma.
Qual é a importância da economia em projetos para uma empresa?
A economia deve ser amplamente considerada em qualquer processo de decisão, segundo o professor. “Alterações na estrutura econômica de longo prazo e na conjuntura econômica de curto prazo impactam os projetos empresariais e necessitam ser considerados tanto na concepção e elaboração do projeto quanto no processo de M&A (monitoramento e avaliação), incluindo planejamento do ciclo de vida, mobilização de recursos, modelos de financiamento, gestão de risco e ajustes de escopo.”
O papel do líder: habilidades socioemocionais e a economia em projetos
Se você estiver se questionando se a economia em projetos é algo que envolve as emoções de um líder assim como seu lado racional, a resposta é sim! “Economia é razão, mas, igualmente, emoções. Existe uma área renovada na ciência econômica, chamada economia comportamental, que rendeu alguns estudos laureados com o Prêmio Nobel na última década. Ela demonstra como o cognitivo decorre de motivações (emocionais) e influências sociais diversas”, afirma o professor.
Coelho ainda destaca a necessidade do líder conectar diversas áreas do saber, integrando conhecimentos diversos com sentimentos, contribuindo com a compreensão e solução de problemas mais complexos. “Um economista no setor público, por exemplo, pode ser um economista muito bom, mas, se não compreender o time político e o ‘jogo social’ da governabilidade em torno de um projeto econômico, não prospera suas ideias e iniciativas”, destaca.
A economia em projetos pessoais
O professor conclui destacando a relação entre a economia em projetos e a vida pessoal, analisando cenários em que a utilização de métodos e abordagens auxilia na resolução do cotidiano pessoal.
“O planejamento da vida pessoal e trajetória profissional envolve um ciclo de vida que, se abordados pela lógica de projetos, abrangem a dimensão econômica. Pensemos, por exemplo, na reflexão de um executivo sobre o horizonte de sua aposentadoria. Tal decisão envolve variáveis econômicas integradas com o seu planejamento financeiro pessoal (ou familiar). Ou, igualmente, alguém pensando em uma alteração no estilo de vida pós-pandemia, que considere uma mudança de cidade diante da tendência do teletrabalho em muitas ocupações. Neste caso, a pessoa também considera custos versus benefícios econômico-financeiros, que incluem variáveis objetivas (custo de vida, economia de tempo, segurança etc.) e variáveis subjetivas relacionadas com a ideia – pessoal e intransferível – de qualidade de vida.”
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