back to top

O Agronegócio brasileiro e as relações internacionais depois de um ano de pandemia

Com certeza você já ouviu falar que o Agronegócio brasileiro é um dos setores que continuou em alta durante a pandemia de Covid-19. Alguns dos fatores que influenciaram esse cenário foram as relações internacionais.

Quem explica mais sobre esse assunto é Thiago Bernardino, professor dos MBAs USP/Esalq. Ele inicia sua fala explicando que o Brasil é um país que, atualmente, exporta mais produtos do que importa e que os índices de exportação cresceram em 2020, se comparados com 2019.

Esse argumento está baseado em informações divulgadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que confirma o saldo positivo da balança comercial das exportações do Agronegócio brasileiro. “Foram US$ 100,81 bilhões em exportações em 2020. É um crescimento de 4,1% na comparação com 2019”, comenta Bernardino.

“Já as importações apresentaram queda. Foi 5,2% a menos, chegando a US$ 13,05 bilhões. Assim, concluímos que o saldo é superavitário em US$ 87,76 bilhões para o setor.”

Diferenciais do Agronegócio brasileiro

Para justificar esse aumento das exportações e consequente saldo positivo da balança comercial do Agronegócio brasileiro, Bernardino elenca dois fatores principais: competitividade dos principais produtos de exportação (grãos e carnes) e câmbio.

“O Brasil apresenta vantagem competitiva no campo, nas condições de produção, na tecnologia e no capital humano. Junte-se a isso um cenário em que a importação está cara e é possível entender o crescimento da exportação”, destaca.

Relações com outros países

Para compreender a relação do Agronegócio brasileiro com outros países é preciso ter em mente os cinco maiores e principais setores de exportação em 2020, de acordo com o Mapa:

  • Complexo soja
  • Carnes
  • Produtos florestais
  • Complexo sucroalcooleiro
  • Cereais, farinhas e preparações

Também precisamos saber com quem nos relacionamos. “A China é, hoje, nosso principal destino. Depois temos os Estados Unidos da América (EUA) e países da União Europeia (UE)”, detalha Bernardino. O professor ainda enfatiza o crescimento dos países asiáticos e do Oriente Médio como importadores de produtos brasileiros. Uma tendência para ficarmos de olho nos próximos anos.

Estratégia

Com um panorama do cenário atual do Agronegócio brasileiro em mãos, é importante certificar que concordamos que as relações internacionais são fundamentais e muito estratégicas para o Brasil. “O Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio representa entre 20% e 25%, variando conforme o ano. Então, o Agronegócio é parte importante na riqueza do país”, destaca Bernardino

E como atingir novos mercados senão com as relações internacionais? Mais do que exportar, o professor comenta sobre a importância de outras negociações, como acordos para oferecer soluções em termos de alimentos e compra de produtos industrializados e processados.

Competitividade + Mercados + Estratégia

Tudo que foi dito até aqui sobre o Agronegócio brasileiro é ilustrado por Bernardino com o exemplo da China. “Nos últimos dois anos, a China se tornou o principal destino dos nossos produtos. Eles têm um problema de população crescente e pouca área para produção. O país também enfrentou problemas sanitários na cadeia de proteína, que agravaram e fizeram com que fossem buscar possibilidades no mundo.”

Mesmo que existam outros importantes produtores de agricultura e proteína, o Brasil é um grande mercado de fornecimento por conta do volume de produção. “Países como EUA e Argentina, ou mesmo a Ucrânia, podem ser concorrentes, mas em termos de potencial de atender um mercado cada vez mais crescente, somente os EUA fazem frente ao Brasil”, diz Bernardino.

O Agronegócio brasileiro nas crises

Segundo o professor, a pandemia de Covid-19 trouxe um cenário interessante para o Agronegócio brasileiro e países produtores de alimentos. “A comida é um produto primário, é uma porta. As pessoas deixam de comprar carro ou roupa para se alimentar.”

Ele ainda explica que, por conta disso, o setor agropecuário se destaca em épocas de crises, guerras ou dificuldades financeiras, e abre oportunidades. “Esse cenário de pandemia, vantagem competitiva e flutuações do câmbio facilita as relações internacionais do Brasil”, comenta Bernardino.

Proteção ambiental

Entre os outros tipos de relações internacionais mencionadas pelo professor, ele cita que enquanto países emergentes e em desenvolvimento se aproximaram do Brasil, as negociações entre o governo brasileiro e países da UE e EUA atingiram outro patamar.

“As políticas brasileiras e as relacionadas à Amazônia formam um outro tipo de ambiente de negócios. De um lado, temos uma relação pautada na necessidade de compra do produto, pela eficiência produtiva e pelo volume. Por outro, tem a questão ambiental.”

Por isso, Bernardino ressalta que as relações internacionais são muito políticas e econômicas. “É preciso saber como e quando falar e ter habilidade de negociação. É preciso entender o que nossos compradores, países consumidores e importadores querem e apresentar nossos números e resultados”, aconselha.

O futuro do Agronegócio brasileiro

Mas, afinal, o que esperar do Agronegócio brasileiro? Bernardino responde: “Podemos esperar negociações cada vez mais pautadas em questões ambientais, de bem-estar social, econômicas e de protecionismo em países produtores. O mundo vê no Brasil a grande saída na produção de alimentos. As palavras habilidade e negociação são importantíssimas.”

Incentivos e investimentos também podem entrar nesse cenário. “Podemos considerar, por exemplo, que determinado setor pode receber auxílio tecnológico, de infraestrutura e em capital humano, porque existe o interesse em desenvolver algumas áreas”, conclui.

O que achou dessas informações sobre o Agronegócio brasileiro? Você sabia de tudo isso? Vamos conversar!

Autor (a)

Marina Petrocelli
Marina Petrocelli
Mais de 12 anos se passaram desde minha primeira experiência com Comunicação Social. Meus primeiros anos profissionais foram dedicados às rotinas de redações com pouca ou nenhuma relevância digital. O jornalismo plural se resumia em apurar os fatos, redigir a matéria e garantir uma foto expressiva. O primeiro sinal de mudança veio com a proposta para mudar de realidade e experimentar um formato diferente de produzir. Daí pra frente, as particularidades do universo do marketing se tornaram permanentes. Ah! Também me formei em Direito (com inscrição na OAB e tudo). Mas nem tudo se resume às minhas habilidades profissionais. Como produtora de conteúdo, me interesso por boas histórias, de pessoas reais ou em séries, filmes e livros, especialmente distopias. Gosto de montar roteiros de viagens e reconhecer estrelas e constelações em um aplicativo no celular. Museus, música e arte no geral chamam minha atenção, assim como cultura pop.

Compartilhar