Já diria o músico Dominic Balli: All we need is love. E quem poderia imaginar que o amor teria uma relação tão forte com a criatividade? A nível de curiosidade, esse sentimento é a chave para ativar a coragem, uma das nossas maiores forças para encarar mudanças e se soltar na hora de inventar.
Isso não somos nós que estamos falando, mas sim um dos maiores porta-voz da criatividade no mundo atual, Murilo Gun. O comediante e professor da Keep Learning School trará um discurso leve e descontraído, firmado no amor e na coragem, para o encerramento das palestras do Evento SIM, no dia 8, às 16h.
“Agora é o momento de a gente voltar a falar de love, pois com ele a gente ativa o coração. O amor é uma mensagem que se perdeu no tempo, uma coisa que falamos escondido, no nosso mundinho familiar, da religião ou na terapia”, explica Gun.
Segundo ele, já passamos do tempo de ter amor incondicional, abrir esse assunto em reuniões corporativas e desenvolver a coragem para enfrentar medos que rondam nossas mais caóticas realidades.
E se coragem é o que falta para existir mentes mais criativas, Gun contou ao Next o que nos prendeu esse tempo todo ao receio de manifestar ideias “fora da caixinha”.
Resolvendo o passado contido
Educadas na ilusão da estabilidade, previsibilidade, segurança e das garantias, muitas pessoas acreditam firmemente que a vida é um caminho sem mudanças, ou com mudanças que podem ser previstas.
“Crescemos acreditando que iremos estudar, fazer faculdade, uma pós, garantir um trabalho e ter uma vida estável. A base da nossa educação foi uma ilusão de que existe apenas um caminho e ela bate com a natureza, que é impermanência e mudança. Tudo muda na natureza, tanto que a previsão do tempo a gente nunca acerta, né?”, observa Gun.
Pois é, prever o imprevisível não é natural. E o palestrante aposta nas lições da natureza como premissa para que a humanidade se desprenda das normas. “Quando nos desconectamos do ciclo de mudanças natural e entramos no ciclo de seguir normas inventadas por nós, nos educamos para sermos seres repetidores de padrões e não criadores”, afirma.
Com uma criação baseada em memorização, muitas pessoas ainda entendem que os desafios da vida poderão ser resolvidos com uma informação do passado, que deveria ser aprendida em um livro ou ouvindo um professor na aula, sem questionar.
Para tudo!
Se até agora a vida foi alguém te passando uma informação para ser guardada e usada no momento certo, durante um desafio, possivelmente você está vivendo com decisões limitadas e sem criatividade.
“Esquecemos de usar uma das coisas mais belas do nosso bicho, que é a imaginação, a capacidade de não se limitar a repetir padrões. Nós podemos criar imagens novas e isso nos torna particulares”, lembra Gun.
O resumo da história é: imaginando somos criativos. Por isso crianças em fase de crescimento ousam tanto nos pensamentos e em resoluções de como enxergam o mundo – mas acabam sendo repreendidas com a famosa frase “pare de inventar moda”.
Gun faz uma comparação entre a imaginação e os músculos do corpo. Quando não usados, todos esses mecanismos ficam atrofiados, e até doloridos quando exigimos demais deles. “Eis que viramos adultos e o mundo começa a passar por mudanças mais aceleradas e perceptíveis, travamos na hora”, comenta.
Restaurando o sistema
Nossa ótica de tempo é bem pequena em comparação à da terra, que tem alguns bilhões de anos. Cada geração encara o micro de um momento mais amplo, em contextos com mudanças drásticas. No entanto, situações novas pedem mais do que soluções antigas.
“Ou seja, o nosso apego ao ‘decoreba’ não funciona de jeito nenhum. Chega até a ser loucura essa vontade de trazer soluções antigas para encarar desafios totalmente novos, como o que vivemos aqui, em 2020”, reforça Gun.
Não posso usar o passado como referência, então? Bom, não é bem por aí. Para o palestrante, o passado serve apenas como aprendizado, mas não pode ser usado para repetir cenários. A necessidade é criar outros caminhos e resgatar nosso “software” original.
“Agora nos deparamos com a urgência de reativar um plug in que veio na espécie humana, mas que estava desativado. Como se alguém estivesse apontando uma arma para a nossa cabeça falando ‘e aí, irmão, você tem que ser criativo agora!’”, analisa.
O atraso em despertar a criatividade gerou pressa em meio ao medo. Mais do que nunca, a educação apoiada no garantido e sem “invencionices” está com os dias contados.
Você nunca foi o seu emprego
Quantas pessoas viram seu trabalho perder sentido em função do novo contexto? E o quanto elas se apegam e identificam pela formação acadêmica que seguiram? Fugir desse pensamento é uma forma de trabalhar os músculos da coragem e da criatividade.
“A coragem vem de agir com o coração, e para isso precisamos estar bem e com a inteligência emocional ativada. Só que durante a nossa educação, houve a supervalorização da mente e desvalorização do coração. O pensar foi mais importante do que o sentir. O pensamento sempre veio antes da intuição e agora temos que ativar o coração para sentir novamente”, reforça o palestrante.
Por fim, nada mais justo do que reconhecer que, em uma camada subjetiva, a humanidade tem dificuldade em aceitar qualquer coisa ilógica e irracional, mas neste momento, vale a pena abraçar o invisível, o abstrato e o intangível. “É difícil porque o mundo não tem indicadores e gráficos para nos dizer o que fazer”, completa Gun.
Se você deseja desbloquear a mente para reinterpretar o mundo com uma mente mais criativa, não deixe de conferir o aulão de Criatividade para Solução de Problemas.
Durante a palestra, Murilo Gun irá sortear algumas vagas para o Reaprendizagem Criativa, seu curso online (válido somente para participantes que estiverem online no evento).