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Os cartões de crédito vão desaparecer?

Que a sociedade caminha para diminuir o consumo de plástico você já sabe. Em 2019 vimos surgir campanhas e leis que puseram fim aos canudinhos das bebidas em vários municípios brasileiros, por exemplo. Mas será que os cartões de crédito vão desaparecer nessa onda sustentável?

Há quem defenda que sim, especialmente quanto ao uso do plástico para sua confecção. Julio Duram, diretor de produto e tecnologia do Guiabolso, um aplicativo de controle financeiro pessoal, acredita que a oferta desse tipo de crédito não vai desaparecer, mas passará por modificações ao longo dos anos.

Se a tecnologia transformou, ao longo dos anos, a forma como trabalhamos, escutamos música e nos conectamos com outras pessoas no geral, a maneira como realizamos pagamentos também passa por transformações.

Mais comodidade

Os consumidores demandam por segurança e praticidade. Foi assim com o surgimento dos cartões de crédito, que diminuíram a presença das notas de dinheiro nas carteiras. Agora é a vez das ewallets, as carteiras digitais, e da NFC (sigla em inglês para “comunicação por campo de proximidade”).

Duram acredita nesse fortalecimento de carteiras digitais e da troca de dados apenas com a aproximação de aparelhos. “Estamos vendo o mercado se movimentar nesse sentido. Observamos o surgimento da Google Pay, Apple Pay e Samsung Pay, por exemplo”, ressalta.

Com isso, as compras podem ser realizadas apenas encostando um smartphone ou smartwatch em uma maquininha ou em sites que já têm todos os dados do cliente cadastrados, sem a necessidade de longos formulários.

Isso significa que os cartões de crédito vão desaparecer? É difícil imaginar a vida sem eles, mas a verdade é que somente 25% da população brasileira tem o privilégio de possuir esse plástico numerado na carteira, segundo estudo do Banco Central do Brasil. Assim, a tendência é que eles sejam transferidos para o formato digital.

“Já estamos vivendo essa transformação, que une o uso inteligente de dados com as tecnologias de mobilidade. A tendência é que os pagamentos se tornem ainda mais imperceptíveis”, explica Duram.

Open Banking

O diretor do Guiabolso ainda enfatizou que a regulamentação do Open Banking e de pagamento instantâneos pode acelerar ainda mais o avanço do setor de serviços financeiros.

A ideia do Open Banking é aumentar a eficiência do sistema financeiro nacional com a integração e consolidação de todas as contas bancárias do consumidor em um único aplicativo, sem a necessidade de acessar a plataforma de cada banco para investir ou realizar transferências e pagamentos.

Duram usa como exemplo o próprio Guiabolso, que integrou as contas com o Banco Original. Essa ação antecipou a implementação do Open Banking, que deve ocorrer a partir do segundo semestre de 2020, de acordo com o Banco Central. A intenção é promover um ambiente de negócio mais inclusivo, competitivo e seguro para os consumidores.

Vantagens

Toda essa tecnologia e integração digital pode sugerir que os cartões de crédito vão desaparecer, especialmente pelas vantagens apresentadas ao consumidor. Entre elas, Duram destaca a diminuição dos riscos de fraude e a rapidez das transações.

O reconhecimento biométrico digital ou facial identifica e autoriza o pagamento, por exemplo, e os detalhes do cartão se tornam desnecessários na hora da compra. O identificador de dados é um mecanismo criptografado e exclusivo, que garante a segurança do consumidor.

Desvantagens

Além das baterias dos dispositivos, que podem descarregar, Duram evidencia que a falta de controle financeiro pode ser uma das desvantagens.

“Sem a necessidade de retirar a carteira do bolso e pegar o cartão de plástico para pagar, o consumidor tem um processo de compra mais curto, com menos chances de pensar se aquele gasto é, realmente, necessário. É quase como se não percebesse que está gastando”, comenta.

Esse argumento justifica a importância cada vez maior do uso de meios de controle de gastos, como aplicativos e planilhas. Você pode conferir algumas dicas aqui.

Cartão em desuso

Se os cartões de crédito vão desaparecer completamente ainda é cedo para afirmar, mas o termo deve estar cada vez menos na boca dos consumidores. Exemplo disso é a Mastercard, que alterou o tradicional logo da empresa, retirando o nome da companhia.

O objetivo é consagrar a marca como um fintech, uma empresa financeira de tecnologia, e desvincular a imagem de rede de cartão de crédito. A Mastercard agora se autoproclama uma companhia de pagamentos digitais.

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Autor (a)

Marina Petrocelli
Marina Petrocelli
Mais de 12 anos se passaram desde minha primeira experiência com Comunicação Social. Meus primeiros anos profissionais foram dedicados às rotinas de redações com pouca ou nenhuma relevância digital. O jornalismo plural se resumia em apurar os fatos, redigir a matéria e garantir uma foto expressiva. O primeiro sinal de mudança veio com a proposta para mudar de realidade e experimentar um formato diferente de produzir. Daí pra frente, as particularidades do universo do marketing se tornaram permanentes. Ah! Também me formei em Direito (com inscrição na OAB e tudo). Mas nem tudo se resume às minhas habilidades profissionais. Como produtora de conteúdo, me interesso por boas histórias, de pessoas reais ou em séries, filmes e livros, especialmente distopias. Gosto de montar roteiros de viagens e reconhecer estrelas e constelações em um aplicativo no celular. Museus, música e arte no geral chamam minha atenção, assim como cultura pop.

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