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Millennials: o que vocĂȘ precisa saber sobre esse consumidor

O comportamento e padrĂŁo de consumo dos Millennials gera interesse em todos os setores, sejam eles voltados a estudos psicolĂłgicos, gestĂŁo de pessoas, marketing ou ação no varejo. TambĂ©m conhecidos como pertencentes Ă s geraçÔes X, Y e Z, os Millennials nĂŁo podem ser tratados como Ășnicos e idĂȘnticos.

Apesar de serem descritos por alguns estudiosos como pessoas nascidas entre as décadas de 1980 e 2000, esse grupo representa uma boa parte da faixa demogråfica da população mundial e levantam um questionamento: como eles realmente são, consumem e interagem com as marcas?

@Millennials

Vivendo em ambientes altamente urbanizados, os Millennials apresentam um grande fator que os tornam um grupo singular: ter presenciado o inĂ­cio da internet, uma das maiores revoluçÔes na histĂłria da humanidade. Essa Ă© a primeira geração de nativos digitais — pessoas que cresceram vivendo, respirando e falando a linguagem da tecnologia.

Excluindo tal particularidade, o professor do MBA USP/Esalq em Varejo e Mercado de Consumo, FĂĄbio Mariano Borges, explica que o grupo nĂŁo pode ser estudado de forma igual porque as pessoas desta geração sĂŁo consumidores que nĂŁo possuem comportamento idĂȘntico, apesar de interagirem de forma similar.

“É importante observar que alguĂ©m nascido nos anos 1980 nĂŁo se comporta da mesma maneira que outro nascido em 1990 ou 2000. O comportamento humano estĂĄ em constante adaptação Ă s exigĂȘncias e mudanças do mundo”, comenta.

Borges acrescenta que nenhum estudo sobre as novas ou antigas geraçÔes deve ser conclusivo, jĂĄ que elas nĂŁo permanecem em um estado de afirmação estĂĄtico. “O que se aprendeu foi que as transformaçÔes nesses grupos acontecem. É como um ideal que eu tenho hoje nĂŁo ser o mesmo dentro de alguns anos, ainda que eu acredite fortemente que ele seja decisivo para mim no presente momento”, conta.

Consumidores exigentes?

Por algum tempo considerados como difíceis de agradar e pouco fiéis a marcas, novamente os Millennials reformularam as conclusÔes sobre seu comportamento. Borges atribui isso ao fato de que nenhuma geração para no tempo, nem mesmo as mais antigas, como os baby boomers.

Outro erro apontado pelo professor foi a crença de que apenas Millennials eram exclusivos geradores de transformação, seja na conduta social ou nos modos de consumo. Apesar de estar em pauta hoje, muitos dos aspectos buscados por eles nas empresas sĂŁo reflexos das exigĂȘncias das geraçÔes anteriores.

“RevoluçÔes sempre aconteceram. Tivemos as mulheres nos anos 1960 que começaram a tomar pĂ­lula quando isso ainda era uma polĂȘmica, jovens nos anos 1970 que pediam paz e participavam de festivais, o feminismo militante com cantoras e jovens nos anos 1980, etc. NĂŁo faz sentido afirmar que os Millennials sĂŁo os Ășnicos capazes de revolucionar um padrĂŁo social ”, explica.

Gostos mudam, marcas também

Se o que impera entre os Millennials é a diversidade do comportamento consumidor, um meio de anålise apontado pelo professor para que as marcas consigam sua atenção é se adequando às mudanças sociais, mesmo que isso exija uma reformulação dos ideais da marca.

“Falar sobre essa geração Ă© entrar em assuntos sobre inclusĂŁo, empoderamento feminino, acessibilidade e responsabilidade. AtĂ© mesmo pessoas de mais idade desejam ver isso em empresas que elas conhecem. É essencial entender que a cultura tem mais relação com o consumo do que o simples fato de ser ou nĂŁo um Millennial”, ressalta.

Como exemplo, Borges cita os comerciais de cerveja que deixaram de apresentar a figura da mulher de maneira objetificada e passaram a tĂȘ-la como principal estratĂ©gia na composição de novas campanhas. “Temos uma empresa que chamou mulheres para compor sua publicidade. Quando ela relançou seus comerciais, o maior destaque para o pĂșblico nĂŁo foi a mudança, mas reconhecer que para se tornarem redondos eles tinham que se livrar das antigas ideias quadradas”, observa.

Um fim aos rĂłtulos

Fidelizar o cliente sempre foi a preocupação de muitas empresas. Mas como isso seria possível com consumidores cada vez mais exigentes? Segundo Borges, o primeiro passo começa com o abandono de rótulos para o cliente, inclusive o da geração dos Millennials. “Rótulos estão aí para serem quebrados, pois eles impendem um claro entendimento sobre o objeto de análise”, ressalta.

O professor relata que fidelidade Ă© uma palavra contrĂĄria a esse tipo de consumidor, pois ele pode se descrever fiel a uma marca e, ainda assim, testar outra do mesmo segmento por questĂ”es de curiosidade ou por interesse em se atualizar. “O mesmo jovem de 20 anos mudarĂĄ aos 30, porque ele conhece mais as marcas, ele testa. Primeiro vem o match, depois o match fica mais profundo e por fim se torna um relacionamento. Temos empresas demais para nĂŁo testar novos relacionamentos”, afirma.

Entre os principais atrativos para conhecer uma marca, os Millennials buscam acessibilidade, oferta e interatividade em conjunto com a instantaneidade. “Somos e respiramos tecnologia, ela Ă© rĂĄpida e queremos coisas que acompanhem isso.”

Por Ășltimo, Borges lembra que as condiçÔes de vida influenciam tambĂ©m a relação do grupo com o consumo. “As marcas precisam entender que as necessidades nunca serĂŁo as mesmas. O jovem de hoje pode nĂŁo querer um carro, mas quem sabe quando ele se casar e tiver filhos essa ideia passe a ser outra. Mais que fidelizar, elas precisam se adequar a esses aspectos mutĂĄveis”, conclui.

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Autor (a)

Ana RĂ­zia Caldeira
Ana RĂ­zia Caldeira
Boa ouvinte, aprecio demais os momentos em que posso ver o mundo e conhecer as coisas pelas palavras das outras pessoas. NĂŁo por menos, entrei para o jornalismo. E alĂ©m de trazer conteĂșdos para o Next, utilizo minhas habilidades de apuração e escuta para flertar com a mini carreira de apresentadora nos stories do MBA USP/Esalq, no quadro VocĂȘ no Camarim.

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