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Procrastinação e criatividade: os dois conceitos se relacionam?

Em um mundo de supervalorização das longas jornadas de trabalho, falar sobre pausas para melhorar a produtividade parece uma ‘desculpa’ para evitar uma obrigação. No entanto, o descanso e a criatividade estão mais relacionados do que aparentam, pois, no momento certo, um intervalo pode ser essencial para impulsionar uma boa ideia.

Apesar de ser uma pausa, não é exatamente da procrastinação que a criatividade precisa, o que realmente incentiva o cérebro humano a exercitar são períodos de descanso em que há um incentivo, o ócio criativo.

Vamos a um exemplo: você está há horas em uma mesma tarefa no trabalho, mas não consegue sair do lugar. Experimente tirar 15 minutos de descanso e incentive seu cérebro a pensar diferente. Jogue alguma coisa, leia páginas de um livro, um artigo na internet, converse com um colega, enfim, exercite seu cérebro de outra forma.

Essa pausa pode ser o que você precisava para conseguir seguir com sua tarefa. É um estímulo à criatividade, faz o cérebro pensar de forma diferente do início.

“Isso faz parte de um processo consciente para trabalhar melhor e ser mais criativo. Em agência de comunicação e de publicidade, geralmente há ambientes mais descontraídos, com jogos, que têm por objetivo fazer as pessoas relaxarem, para ajudar a retornar e ter melhores ideias”, explica Ana Talavera, professora do MBA USP/Esalq em Marketing.

Para todas as tribos

A criatividade no ambiente de trabalho não é um pré-requisito apenas para aqueles que têm como profissão áreas relacionadas à criação artística. A resolução de problemas, conflitos e situações do cotidiano de trabalho também requerem do colaborador um nível de criatividade, contrariando a ideia de só quem trabalha com arte precisa disso.

De acordo com Ana, é preciso inserir o conceito no dia a dia dos profissionais que não trabalham diretamente com criatividade. “Como que alguém pode ser criativo em um laboratório? Ou como um administrador pode ser criativo?”, questiona.

“Ser criativo tem muito a ver com encontrar soluções para problemas, não desistir, não procrastinar”, completa. A professora afirma ainda que o ócio criativo é uma decisão consciente do profissional e isso o ajuda a encontrar soluções futuramente.

Procrastinação x ócio criativo

Quando se fala de um período de pausa longe do trabalho, é comum a associação com a procrastinação. No entanto, é preciso diferenciar o conceito do ócio criativo.

“Procrastinação é quando você deixa a tarefa para depois e vai protelando, nunca entrega, nunca faz. É realmente uma perda de tempo, você escolhe fazer alguma outra coisa que não tem necessariamente nada a ver com seu objetivo de entrega de trabalho”, esclarece a professora.

Já o ócio criativo é diferente, é um processo pensado para estimular a criatividade. “Te torna mais responsável e consciente das suas escolhas, porque você faz aquela pausa com objetivo de retornar e ter melhores ideias”, completa.

Como praticar

Antigamente a criatividade era constantemente associada a um dom ou à intuição. Hoje em dia isso não é mais tão comum, mas ainda há o pensamento de que algumas pessoas são mais criativas que outras.

“Há um ‘boom’ de empreendedorismo, de startups, de ideias, de teorias e muitos se perguntam: ‘Como assim aquela pessoa criou alguma coisa? Ela não é tão criativa assim!’ Mas a criatividade depende de uma série de fatores e pode ser desenvolvida”, explica.

Agora você talvez esteja se perguntando: “Como eu desenvolvo isso? Quero ser mais criativo!” Vamos a algumas dicas da professora. Ela cita que o ideal é fazer algumas atividades nas pausas do trabalho, para estimular o cérebro de forma diferente. Vamos aos exemplos:

  • Cinema/televisão (séries)
  • Teatro
  • Meditação
  • Jogos
  • Leitura
  • Relacionamentos/conversas
  • Ter um hobby
  • Fazer um caminho diferente na volta para casa
  • Gerenciar seu tempo

O que você achou das dicas? Quer saber se você está procrastinando? Clique aqui.